Vêm das águas do Oceano Pacífico os sinais de que o La Niña está começando a enfraquecer, mas ainda é cedo para comemorar. É que entre o início do movimento rumo à neutralidade e o efeito sobre o regime de chuva do Rio Grande do Sul há um lapso temporal. O que pode representar a continuidade de chuva escassa.
— Se o La Niña terminasse hoje, a atmosfera demora dois ou meses até “entender” que terminou — explica a meteorologista Jossana Cera, consultora do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga).
A anomalia das águas do Pacífico, que ficam mais frias sob a influência do fenômeno, foi um pouco menor em dezembro do que em novembro, pontua a meteorologista. Um indício de que está em descendência, mas não em neutralidade.
Os modelos de previsão climática estão mostrando, por ora, o mês de fevereiro ainda com chuva abaixo da média.
— Com o enfraquecimento (do La Niña), as chuvas começam a ocorrer, mas são isoladas — completa Jossana.
Quando se olha pelo retrovisor, a complexidade do quadro de estiagem fica ainda mais evidente. As previsões apontavam para um dezembro com precipitações abaixo da média, mas na prática, os volumes foram ainda menores — com exceções pontuais.
Para completar, a combinação de variáveis que incluem temperatura e radiação solar ampliaram a evaporação no último mês de 2022. Há pontos do Estado, como na Fronteira Oeste, em que o valor foi superior ao considerado dentro das condições normais e bem acima dos volumes de precipitação registrados, aponta o boletim meteorológico do Irga. Ou seja, choveu pouco e evaporou demais. Uma equação que complica o resultado da safra de verão.