Diante das cenas lamentáveis de depredação do patrimônio público (sim, de todos nós) em Brasília, o mínimo que se pode fazer é repudiar. Independentemente de simpatia, alinhamento ou preferência política. Ex-ministra da Agricultura do governo Bolsonaro, a agora senadora Tereza Cristina escreveu em sua conta no Twitter: "Na democracia não há espaço para atos de vandalismo e desrespeito às instituições". Tom semelhante ao adotado por outras entidades representativas do agronegócio (veja mais detalhes abaixo). Algumas também não deixaram de comentar sobre a acusação feita pelo presidente da República.
No domingo, ao comentar sobre o vandalismo, Lula elencou "prováveis envolvidos" e citou o setor agropecuário. "O agronegócio, sabe, maldoso, aquele agronegócio que quer utilizar agrotóxico sem nenhum respeito à saúde humana, possivelmente também estava lá".
Em entrevista ao portal Poder 360, o engenheiro agrônomo e professor da FGV Roberto Rodrigues, ex-ministro da Agricultura (atuou na primeira gestão de Lula) e nome respeitado no agro, manifestou preocupação com o risco de que todo o segmento venha a ser associado com as invasões. Falou na necessidade de "separar o joio do trigo" (em alusão à parábola bíblica ) e da urgência de um posicionamento do setor.
A Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), composta por deputados e senadores ligados ao segmento, disse que "como defensora do desenvolvimento do setor agropecuário brasileiro e do país como um todo, assim como o setor, representado por suas entidades, não compactuam ou têm participação nos atos antidemocráticos acontecidos na Capital Federal". E acrescentou: "declarações que atribuam ao setor participação nos ataques são descabidas e não retratam a real importância do agro brasileiro para o país".
Outros comunicados vão se somando a esse, como o da Confederação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura (Contag), da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), da Associação Brasileira do Agronegócio de Ribeirão Preto, Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).
O atual ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, também se manifestou em sua conta no Twitter. Em uma das publicações, afirmou ser "inaceitável o ataque contra a democracia brasileira neste momento em que lutamos para recuperar a imagem do Brasil perante ao mundo".
Veja abaixo posicionamentos do setor:
Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA)
A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) repudia veementemente os ataques e os atos de vandalismo ocorridos ontem (8), em Brasília (DF), contra as instituições que alicerçam nossa Democracia. A ABPA, que representa a avicultura e a suinocultura do País, destaca a convicção de toda a agroindústria produtora de alimentos na preservação do Estado Democrático. Não há outra maneira de manifestação admissível além daquela realizada pacificamente. Atos violentos são criminosos e devem ser punidos com todo o rigor da Lei.
Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA)
A Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) repudia as invasões e atos de vandalismo ao Congresso Nacional, ao Supremo Tribunal Federal e ao Palácio do Planalto ocorridos neste domingo (8), em Brasília. A FPA, como defensora do desenvolvimento do setor agropecuário brasileiro e do país como um todo, assim como o setor, representado por suas entidades, não compactuam ou têm participação nos atos antidemocráticos acontecidos na Capital Federal.
O agro brasileiro, há muitos anos, é ator importante no desenvolvimento do Brasil e por levar comida de qualidade ao povo brasileiro e ao mundo, com responsabilidade ao papel que exerce.
Declarações que atribuam ao setor participação nos ataques são descabidas e não retratam a real importância do agro brasileiro para o país. A bancada é contra a grilagem, o desmatamento ilegal e o uso irrestrito de pesticidas em lavouras. Assim, é importante esclarecer que a FPA e os representantes do agro prezam pela democracia e se posicionam contra quaisquer atos que gerem prejuízos aos país.
Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (CONTAG)
A Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (CONTAG) repudia ato realizado por vândalos terroristas contra o Congresso Nacional, o Palácio do Planalto e o Supremo Tribunal Federal (STF), neste domingo (8 de janeiro de 2023), em Brasília/DF.
Para a CONTAG, o ato golpista organizado por vândalos inconformados com o resultado das Eleições 2022 e a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva é mais uma ameaça dos apoiadores de Bolsonaro ao Estado Democrático, numa tentativa de intimidar os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, e, ao mesmo tempo, negar o direito do povo de escolher os seus representantes.
Vale ressaltar que essa onda de vandalismo e terrorismo tem como principal incentivador o ex-presidente Jair Bolsonaro, que, ao longo do seu mandato, buscou intimidar o STF e cancelar as eleições de 2022.
Por outro lado, neste domingo (8), há informações de que a Segurança Pública do Distrito Federal foi omissa, permitindo que o ato de vandalismo acontecesse na Esplanada dos Ministérios.
Em resposta, o presidente Lula já decretou uma intervenção federal na Segurança Pública do Distrito Federal. Assista AQUI o pronunciamento oficial do presidente da República sobre o decreto e leia o documento na íntegra AQUI.
Já o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, decidiu afastar o governador do Distrito Federal Ibaneis Rocha do cargo por 90 dias, entre outras medidas de segurança.
A CONTAG faz um apelo aos órgãos competentes que encontrem e punam os culpados por esse ato antidemocrático, de acordo com o que é previsto na lei e pela Justiça brasileira.