A jornalista Bruna Oliveira colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
A estreia da Agricultura do Rio Grande do Sul enquanto órgão de estado participando pela primeira vez de uma conferência mundial sobre mudanças climáticas deixa um recado claro sobre a disposição do setor em participar das pautas envolvendo as questões ambientais. Além de se abrir para aprender o que ainda não sabe, mostra ao mundo o que já vem sendo feito no Estado.
Essa foi a tônica da participação gaúcha na 27ª Conferência da Organização das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a COP27, realizada este ano em Sharm el Sheikh, no Egito.
Para o secretário Domingos Velho Lopes, que integrou a missão, a comitiva formada também por integrantes da secretaria do Meio Ambiente deixou a sua marca.
— Estamos extremamente contentes com o resultado dessa missão na COP27 porque foi um momento caro onde a agricultura, a pecuária e as atividades de florestas plantadas puderam mostrar que elas fazem, de fato, parte da solução da emissão de gases de efeito estufa e do aquecimento global — relatou Lopes à coluna.
A participação do Rio Grande do Sul na conferência se encaminhava para o fim nesta terça-feira (15), mas os frutos da participação no evento mundial serão de longo prazo. A equipe retorna ao Brasil nesta quarta (16), com “lições de casa” importantes na bagagem.
Dos compromissos firmados no Egito, o RS confirmou participação em programa de ações conjuntas contra mudanças no clima. Junto de demais estados que compõe o Conselho de Desenvolvimento dos Estados do Sul (Codesul) – Santa Catarina, Paraná e Mato Grosso do Sul, o Estado assinou um protocolo de intenções com 23 medidas de comprometimento com o ambiente.
Dentre as ações, a iniciativa prevê a promoção de padrões sustentáveis nas atividades ligadas à agropecuária, bem como a inclusão de dados climáticos na tomada de decisões dos estados.
— O que nos chamou a atenção é que a nossa atividade de agricultura de baixo carbono, presente não só no Rio Grande do Sul, mas no Brasil, é exemplo para o mundo. Observamos que estamos alinhados e o Brasil foi citado como um exemplo a ser seguido — destacou Lopes.
A agenda internacional da comitiva em torno das pautas de sustentabilidade começou antes mesmo da COP27. Antes de partir para o Egito, a equipe desembarcou em Israel, onde visitou propriedades para conhecer métodos de irrigação e de armazenagem de água que possam servir de exemplo se adaptados à realidade de produção existente no Estado.
E o caminho a ser percorrido até a COP28 já começa a ser traçado. Para isso, o secretário cita como inspiração o Grupo de Trabalho de Koronivia, que será mantido. A iniciativa ligada à ONU tem o objetivo de promover modelos de agricultura sustentável pelo mundo.
— O Rio Grande do Sul terá esse grupo como Norte, uma vez que ele está intimamente ligado ao nosso plano de agricultura de baixo carbono. Com certeza, nossa lição de casa será evoluir no comitê interno da secretaria que trata sobre essas atividades, sempre colocando a nossa produção como responsável com a questão climática — compromete-se Lopes.
A COP27 vai até sexta-feira (18).