Dois anos depois da conquista do selo de indicação geográfica de denominação de origem, as primeiras três agroindústrias familiares de queijo serrano vão poder estampar essa “grife” nas suas embalagens. Duas delas são gaúchas: a Pelizzari, de Bom Jesus, e a Vovô Manoel, de São José dos Ausentes. A outra fica em Bom Retiro (SC).
— É uma conquista e tanto. Vai evitar a falsificação do nosso produto e garantir a nossa qualidade — comemora a produtora Tayline Bittencourt, da queijaria Vovô Manuel que com os pais, Cladecir e Joice, e marido, Neto Moreira, produzem 20 quilos do queijo todos os dias.
O sabor especial das receitas transmitidas de geração para geração também representa também uma oportunidade financeira para as famílias.
— Vai agregar valor e aumentar a nossa comercialização — acrescenta Celso Pelizzari, da queijaria Pelizzari, que produz 12 quilos do queijo por dia com esposa, Elaine, e a filha, Juliana.
Coordenador na Emater do Projeto do Queijo Artesanal Serrano no Rio Grande do Sul, Orlando Júnior Kramer Velho explica que isso será possível porque o selo indica que este é um produto singular, produzido apenas naquela região. E que confere características como uma superfície mais seca e endurecida, um interior macio e levemente amanteigado e sabor e aroma acentuados.
Para quem ficou interessado em provar, a queijaria Pelizzari comercializa o produto em três locais: na própria propriedade, que fica na zona rural de Bom Jesus, na loja de conveniência do Posto Ipiranga Serrano, na cidade de Bom Jesus, e no mercado Esquina do Doce, em Jaquiarana. Já a queijaria Vovô Manuel vende seu queijo na propriedade, que fica na zona rural de São José dos Ausentes, na BR 285, e em feiras agropecuárias. Também envia pelos Correios, para qualquer localidade.
Saiba mais
- O registro de IG foi concedido pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) há dois anos, à Federação das Associações de Produtores de Queijo Artesanal Serrano de SC e RS (Faproqas). Mas logo veio a pandemia, o que dificultou os trâmites das habilitações. De todo modo, demorou, mas saiu: foi formado o conselho regulador, que decide sobre a atribuição do selo às queijarias
- A IG DO, como também é chamada, foi construída pela Emater do Rio Grande do Sul e pela Epagri de Santa Catarina, em conjunto com as associações de produtores de queijo serrano que fundaram a Faproqas. O processo começou em 2017 e o selo foi concedido em 2020 para 18 municípios de Santa Catarina e 16 do Rio Grande do Sul
- Hoje, há pelo menos mais 50 queijarias gaúchas e 50 catarinenses com possibilidade de conquistar o selo, segundo Orlando
- O queijo artesanal serrano é feito com leite cru de vacas de raças de corte ou mista, alimentadas com pastagens nativas, elaborado com maior percentual de gordura
*Colaborou Carolina Pastl