Números consolidados das exportações do agronegócio gaúcho do primeiro semestre confirmam que o trigo ajudou a segurar a queda livre da soja, consequência da perda em volume causada pela estiagem do último verão. Os US$ 7 bilhões em receita obtidos no total pelo segmento de janeiro a junho representam alta de 3,7% na comparação com o mesmo período do ano passado, conforme o Departamento de Economia e Estatística (DEE) da Secretaria de Planejamento. É o maior valor nominal (ou seja, sem considerar a inflação) para o período desde o início da série histórica, em 1997.
O crescimento só foi possível pela resposta positiva vinda dos negócios com trigo, que teve colheita recorde e ganhou espaço no mercado global — antes mesmo do conflito Rússia-Ucrânia eclodir. Também ajudaram a recuperação dos embarques de arroz e as vendas de milho.
— O que compensou a queda da soja no semestre foi o setor de cereais, farinhas e preparações, com destaque pro trigo. No primeiro trimestre, já era recorde histórico para o ano — ressalta Sérgio Leusin Júnior, economista e pesquisador do DEE.
Isso apesar do recuo considerável de 84,8% na valor do grão embarcado no semestre. Em quantidade, o percentual foi de 88,4%. Considerando o complexo soja, o cenário foi igualmente de redução — 72,8% no volume embarcado e 68% em valor. O percentual menor é reflexo do aumento nas exportações de óleo e de farelo de soja, explica Leusin:
— Outra coisa que ajudou a compensar foi o crescimento dos preços médios do complexo soja. Isso ajudou a não ter uma queda tão significativa tanto no trimestre quanto no semestre — completa Leusin Júnior.
O segundo trimestre do ano costuma ser o de maior impacto da colheita de soja, para o bem ou para o mal, nas exportações. Com a quebra da última safra, faltou produto para ofertar, e a redução nas exportações era apenas uma questão numérica.
Para o segundo semestre, a soja também fará falta — em 2021, a produção recorde e o apetite externo estenderam o calendário de embarques. O desempenho dos produtos florestais está atrelado à demanda chinesa, e as vendas externas de trigo dependem de como será a colheita.