A jornalista Bruna Oliveira colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
As possibilidades de mercado que se abrem ao Brasil em meio a um cenário internacional conturbado de conflitos e de preços em alta nortearam painel dentro da programação do Agroshow, promovido pelo Banrisul nesta terça-feira (5), em Porto Alegre.
No palco, o CEO e cofundador da 3tentos Agroindustrial, Luiz Osório Dumoncel, e o diretor do Grupo Pilecco Nobre, Fábio Pilecco, analisaram os efeitos da guerra entre Rússia e Ucrânia no tabuleiro internacional da produção de alimentos e os espaços ainda não ocupados pelos principais abastecedores mundiais. A mediação foi da jornalista Kellen Severo. Para os especialistas, há um ambiente de oportunidades para o Brasil conquistar protagonismo.
Tendo o Instituto Caldeira de cenário, o tema da inovação não podia ficar de fora do painel. Fábio Pilecco levou para o debate a importância de propor alternativas para a produção que acompanhem a evolução dos mercados e da sociedade. Para isso, o diretor destaca a importância de se pensar no agro além do mundo dos alimentos, explorando o uso aplicado das commodities em outras áreas, como a medicina.
— Precisamos de um desenvolvimento econômico que supere as barreiras do crescimento em volume. Precisamos propor novas aplicações, novos produtos e novos mercados. O mercado internacional paga bem, mas exige coisas novas — frisou Pilecco.
Luiz Osório Dumoncel, da 3Tentos, destacou importantes marcos da produtividade brasileira, que reforçam o potencial do país para conquistar mais espaço no cenário global. Melhoramento genético, proteção dos cultivos, biotecnologia e tecnologia foram alguns dos itens citados.
— Não temos como pensar em agricultura nos últimos 30 anos sem falarmos em plantio direto. O Brasil é reconhecido mundialmente com o país que melhor faz plantio sem remover o solo, mantendo a cobertura viva para que a gente tenha cada vez melhores produções — destacou Dumoncel entre as práticas que fazem do Brasil uma referência.
Dentre os desafios, os especialistas falaram da complexidade do cenário atual, que envolve altos custos de produção e necessidade de aprimoramento em gestão, tecnologia e mão de obra especializada nas propriedades. Os elementos ainda são barreiras a serem vencidas pelos agricultores brasileiros. Em uma síntese, Kellen comentou que o momento é de adaptação, com desenvolvimento de novas habilidades no agro, para que se possa manejar a tecnologia com eficiência.