A distância geográfica não impedirá que o custo do conflito Rússia-Ucrânia chegue ao bolso do consumidor brasileiro. A indústria não tem como absorver uma alta da matéria-prima que chega a 44,4% nos últimos 15 dias, afirma Eduardo Assêncio, superintendente da Associação Brasileira das Indústrias de Trigo (Abitrigo). Ele participou de evento promovido pela Biotrigo na Expodireto, sobre mercado.
— Não há como suportar no sistema de custos essa alta — disse Assêncio em entrevista à coluna.
Em um cenário de normalidade, o trigo responde por cerca de 70% das despesas da indústria, segundo o superintendente. No cenário atual, pode ficar em 80%.
O Brasil precisa importar o cereal porque tem consumo (12,7 milhões de toneladas por ano) maior do que a produção. A Argentina é o maior fornecedor. Mas a guerra alterou a dinâmica dos fornecedores globais, e o alerta para os estoques do país vizinho foram ligados.
A gente sempre tende a acreditar que tem trigo no mundo, vamos achar. O problema só vai ser a que preço. Com a saída do maior exportador, a Rússia, e do quarto maior, a Ucrânia, totalizando juntos 30% do que é exportado no mundo, imagina a confusão que gera.