A jornalista Bruna Oliveira colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
Os efeitos da escassez hídrica são visíveis já de forma generalizada no Rio Grande do Sul, mas em culturas como o arroz ainda é cedo para projetar qualquer cenário mais detalhado sobre perdas. A avaliação é de entidades diretamente ligadas à produção orizícola no Estado, que monitoram o quadro com atenção.
Há perdas em lavouras de arroz tanto por dificuldade de irrigação quanto por irrigação inadequada, ainda que com danos bem menores do que em culturas como o milho e a soja, que anotam danos irreversíveis em algumas regiões. A projeção prematura sobre o tamanho do problema, no entanto, requer cautela, segundo o presidente do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), Rodrigo Machado.
– Já temos algumas perdas na lavoura, mas ainda é cedo para emitir um parecer sobre os efeitos de perdas na produtividade. Com todas as ressalvas, porque se sabe que já temos problemas – pondera o dirigente, que afirma que levantamentos estão sendo feitos para o relato ser preciso.
Um quadro mais desenhado sobre a situação deve ser divulgado nas próximas semanas.
Para o presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Estado (Federarroz-RS), Alexandre Velho, inevitavelmente, a falta de água trará efeitos. Mas além da estiagem que se agrava, há um cenário preocupante de queda de 40% nos preços pagos aos produtores e de aumento de custos.
– Ainda não temos como estimar uma quebra da colheita neste ano, mas podemos afirmar que, certamente, teremos diferença na produtividade e na produção total – diz Velho.
O panorama sobre o quadro atual do cereal no Estado foi comentado durante entrevista coletiva sobre a Abertura Oficial da Colheita do Arroz em Terras Baixas, que ocorre no próximo dia 16 de fevereiro.
O Rio Grande do Sul é protagonista na produção nacional de arroz. Na safra passada, foram colhidos 9 mil quilos por hectare, em área plantada que chegou a 950 mil hectares. Os dados consolidados sobre área e as perspectivas de produção esperadas para o ciclo atual serão apresentadas pelo Irga no evento em Capão do Leão.
A programação vai até 18 de fevereiro e terá a participação de mais de 90 expositores e de universidades, além de 40 vitrines tecnológicas e presença de 17 países. A organização também aguarda a confirmação da ministra da Agricultura, Tereza Cristina, e de demais autoridades do setor.
Com exibição também pela internet, a expectativa é de reunir cerca de 3 mil pessoas participando pelo evento de forma remota e de 7 mil pessoas de forma presencial. Conforme os organizadores, os protocolos sanitários trarão segurança para o evento – na última edição, quando a cobertura vacinal contra a covid-19 no Estado ainda era menor, nenhum caso de contaminação foi reportado na exposição. Máscara e distanciamento serão obrigatórios e o auditório será aberto.
A oportunidade de colocar o produtor em contato com o que há de mais moderno em relação à pesquisa e à tecnologia é o grande trunfo da 32ª edição da Abertura, segundo as entidades que estão à frente do evento.
– O agricultor quer ver a vitrine, quer conversar com o técnico, quer conversar com amigos de outras áreas. O olho no olho será o grande cenário desta Abertura – destaca André Andres, coordenador técnico da Embrapa Clima Temperado.