Neste momento, há perdas de todos os tamanhos nas lavouras de milho do Rio Grande do Sul. A variabilidade e o ciclo ainda em andamento, com a cultura em diferentes estágios, tornam complicada a tarefa de estimar precisão os prejuízos na produção como um todo, em razão do tempo seco ou de chuva inexpressiva .
O que se pode afirmar é que a preocupação ficou maior, porque os danos se ampliam e se espalham pelo território gaúcho à medida que as precipitações não chegam.
– Cada dia que passa sem chuva é um dia a mais de prejuízo para o produtor – observa Dartanhã Luiz Vecchi, gerente regional da Emater de Passo Fundo.
Metade dos 42 municípios que integram a área tem solicitações de Proagro (seguro por perdas). Outro indicador importante vem da quantidade de chuva esperada e a contabilizada para este mês. A média costuma ser de 173 milímetros. Até agora, são 52 milímetros em dezembro.
Embora traga apreensão – há relatos de recuos de 10% a até 90% no milho – o quadro na região está longe de ser o mais grave. Regiões como a das Missões, uma das primeiras a plantar no Estado, somam impactos expressivos e irreversíveis. Na Copatrigo, de São Luiz Gonzaga, levantamento feito aponta volume até 80% menor em relação ao esperado no início do ciclo nas áreas de sequeiro. Nas que contam com irrigação, o percentual fica em 15%.
– Nas lavouras irrigadas, as perdas são principalmente pelas altas temperaturas no período de florescimento e enchimento de grão e pela baixa umidade relativa do ar – explica Bento Büttenbender, agrônomo e coordenador da equipe técnica da Coopatrigo.
No dado apurado pela Rede Técnica de Cooperativas (RTC) com 21 associadas até o dia 13 deste mês, a queda média na produtividade era de 55,4%, na áreas de sequeiro. Nas irrigadas, perto de 12%.
– Na região que melhor estava, o prejuízo estava em 25%. Complicou um pouco mais nos últimos dias e o cenário pela frente também não é muito melhor – pontua Geomar Corassa, gerente de pesquisa da CCGL e coordenador da RTC.
Na regional da Emater de Santa Rosa, onde a área cultivada com o grão chega a 150 mil hectares, o prejuízo geral está na casa de 40%.
– O grande problema do milho é que tem uma fase extremamente crítica, a partir da floração – pontua José Vanderlei Waschburger, coordenador da regional da Emater de Santa Rosa, sobre o período em que a chuva é vital.