Se o cenário atual já é de preocupação crescente no campo por conta do tempo seco no Estado, os prognósticos para o primeiro trimestre de 2022 reforçam o sinal de alerta. No retrato apresentado pela Meteorologia Climatempo, o Rio Grande do Sul tende a ter um quadro crescente de anomalia, com a chuva ficando abaixo da média para o período. O mês de março deve ser o de menor umidade no período do verão, mas a previsão para fevereiro, mês crucial para o desenvolvimento da soja, também não é, por ora, nada animador.
– O Rio Grande do Sul é o Estado que mais vai sofrer com déficit hídrico. O tempo deve ser mais quente e seco no verão inteiro – observou a meteorologista Ana Clara Marques na apresentação.
Ainda de acordo com a Climatempo, os acumulados de precipitações devem ser abaixo da média em todo o território gaúcho. O volume é estimado em torno de 50 a 80 milímetros por mês no intervalo do verão, o que representa redução significativa, perto de 50% em relação à média climatológica no RS para o período de janeiro a março, entre cem a 150 milímetros mensais.
E como costuma ser quando há influência do La Niña, enquanto no Estado o problema é a falta de chuva, no norte e nordeste do Brasil, a situação promete ser oposta, com o verão mais chuvoso.
A precipitação que cai neste momento no RS tem sido em uma quantidade pequena. Mapa divulgado pelo Sistema de Monitoramento e Alertas Agroclimáticos (Simagro-RS), da Secretaria da Agricultura, mostra o acumulado entre segunda-feira e terça. Maior produtor de soja, Tupanciretã registrou oito milímetros. Soledade apenas um milímetro.
– Não mudou nada o cenário. Choveu, mas a terra continua seca. Foi uma pequena garoa, de dois milímetros, nem molhou a poeira – relata Maiquel Junges, produtor e presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Não-Me-Toque.