A regularidade da chuva necessária à produção da safra de verão do Estado só deve chegar a partir da semana final de 2021. Há perspectiva de precipitações no curto prazo - como nesta semana, mas a tendência de retomar parâmetros dentro da normalidade é que fica para o período da virada, conforme os prognósticos do momento. Virá a tempo de possibilitar um bom ciclo para a soja, principal cultura da estação.
No milho, no entanto, o cenário é diferente. Há pontos do Estado em que não chove há mais de 60 dias. Nas lavouras que estavam no período em que a umidade não pode faltar (floração e enchimento de grão), as perdas são irreversíveis. Nas demais, a chuva é necessária para estancar novos prejuízos.
- Estamos com um dezembro mais seco. Esta semana tende a ser um pouco mais úmida, mas não deve ser nada tão expressivo - pondera Flávio Varone, meteorologista da Secretaria Estadual da Agricultura.
Presidente da Associação dos Produtores de Milho do Estado, Ricardo Meneghetti confirma que "já se perdeu muita coisa" na cultura: chega a 100% em algumas regiões.
- Da perspectiva do Noroeste, há notícias de perdas muito grandes. Tem lavouras em que o pessoal já roçou para tentar plantar outra coisa - conta o dirigente.
Por enquanto, não há medida do quanto esses prejuízos impactarão no todo da produção gaúcha - nas estimativas oficiais, ainda não aparecem. O fato é que o entusiasmo trazido pelo aumento de área cultivada não se converterá na safra imaginada para o Estado. O que preocupa os setores de carne e leite, que usam o grão na ração.
Ferramenta que ajuda a minimizar danos, a irrigação precisa crescer em escala. Conforme a Radiografia Agropecuária do RS, na safra passada 20/21, a área irrigada do milho chegava a 10,24%. Um percentual entre 12% e 15% levaria ao caminho da autossuficiência, avalia Meneghetti.
No pacote do Avançar RS do setor estão previstos investimentos que possam ampliar o uso do sistema e permitam reservar água. Outro ponto é o reforço do SimAgro, sistema de monitoramento com estações meteorológicas. A projeção é de que mais 30 sejam instaladas em 2022, além de 14 que serão revitalizadas.