A cada início de Expointer, invariavelmente, surge a pergunta “quanto deve ser o faturamento?”. Porque mais do que um espaço de interação, de prêmios e de troca de conhecimento, a exposição virou ambiente de negócios. E fez crescer a expectativa pela cifra final, que é puxada pelo setor de máquinas e implementos agrícolas (na edição de 2019, respondeu por R$ 2,55 bilhões dos R$ 2,7 bilhões de receita).
Mas a Expointer que se inicia neste sábado (4) será diferente, do tamanho possível dentro de um ambiente que ainda exige restrições e cuidados em razão da pandemia. E fazer a projeção ficou uma tarefa mais complicada. Porque essa edição não pode ser comparada a nenhuma outra. Para Claudio Bier, presidente do Sindicato das Indústrias de Máquinas e Implementos Agrícolas (Simers), uma das copromotoras do evento, se ficarem perto de R$ 1 bilhão as vendas, será um bom resultado.
– Essa será a primeira feira no Brasil depois do advento da pandemia. No mundo, será apenas a segunda, depois da Farm Progress Show (nos Estados Unidos) – pontua.
Outro fator faz com que se tenha cautela na hora de falar de números. Entre as 85 empresas que estarão no Parque Assis Brasil, em Esteio, não estão marcas que geram grandes volumes de vendas. Das grandes fabricantes, a John Deere foi a única que confirmou presença.
Algumas empresas mantiveram a decisão, do início do ano, de não participar de eventos em razão da pandemia. E há de ser considerada ainda a questão do descompasso entre oferta e demanda. Vindo de boas colheitas e observando commodities valorizadas, o produtor aqueceu esse mercado.
Em contrapartida, e assim como o setor automobilístico, as indústrias de máquinas têm enfrentando dificuldades no fornecimento de suprimentos que entram na produção. O que resulta em tempo de espera para receber o bem adquirido.
– Os números de 2021 tendem a ser muito favoráveis e poderiam ser até mais, caso não tivéssemos algum desarranjo nas cadeias de suprimentos, que limitam a oferta do setor – acrescenta Rodrigo Feix, do Departamento de Economia e Estatística da Secretaria do Planejamento.
A vantagem da Expointer, avalia Bier, é o contato direto com a indústria, a negociação olho no olho, que beneficia ambas as partes. Sobre a duração da alta na procura, o presidente do Simers não vê cenário de arrefecimento pelos próximos quatro, cinco anos:
– A tecnologia embarcada tem velocidade muito grande. Todo ano tem coisas novas, que produzem mais. E há as fronteiras agrícolas que se abrem. Tudo isso demanda máquinas.