O debate em torno da mortalidade de abelhas e do uso foliar do inseticida fipronil, relacionado aos registros, entra em pauta no Ministério da Agricultura no próximo mês. É um dos tópicos da reunião da câmara da apicultura e será abordado por Aldo dos Santos Machado, produtor e representante da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil. Também presidente da Cooperativa Apícola do Pampa Gaúcho e coordenador dos fóruns da atividade na Farsul e na Secretaria da Agricultura, foi um dos que registraram perdas recentes no Estado (foto), como publicou a coluna.
Com um panorama semelhante e após debate que incluiu fabricantes, Santa Catarina restringiu o uso do produto. Resolução emitida no último mês de agosto proíbe a prescrição e a aplicação foliar do fipronil em lavouras, explica Matheus Mazon Fraga, gestor da Divisão de Fiscalização de Insumos Agrícolas da Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola SC (Cidasc):
– A busca por essa medida é uma resposta do setor, já que fipronil pode ser usado no tratamento de sementes, com risco praticamente inexiste.
De 2019 para cá, os catarinenses, maiores exportadores de mel do país, tiveram 23 registros de mortes de abelhas. Desses, oito deram positivo para o inseticida.
Fraga relata que, ao levar a proposta de restrição para as indústrias, a primeira a se manifestar de forma favorável foi a que até 2008 tinha a patente do fipronil. A empresa já não tem produtos para aplicação foliar e recomenda o uso apenas no tratamento de sementes.
No Rio Grande do Sul, só neste ano, 11 de 19 amostras analisadas apontaram a presença do agrotóxico. O Ministério Público Estadual tem inquérito civil aberto. Conforme informou o órgão, o Projeto SIM Abelhas, para monitoramento, inclui o estudo de outras causas para a mortandade. Mas que medidas restritivas adotadas em outros Estados também são objeto de análise.