Um dos pontos de preocupação levantados pelo Instituto Brasileiro de Floricultura (Ibraflor), a venda do produto dentro de supermercados está autorizada, pelo menos no Rio Grande do Sul. Decreto estadual publicado no último sábado traz novo entendimento, e tira as flores da lista de itens que não podem ficar expostos ou ser vendidos.
Essa limitação de comercialização, que ocorre também em cidades de Santa Catarina, Paraná e Minas Gerais, é vista com preocupação pela entidade. Kees Schoenmaker, presidente do Ibraflor, observa que a atividade faz parte do agronegócio, na categoria FLVF (frutas, legumes, verduras e flores), portanto também considerada essencial:
— As flores e plantas são perecíveis, assim como os legumes, frutas e verduras. Têm prazos restritos para comercialização, uma vez que não podem ser estocadas para a serem vendidas em outras ocasiões.
Com peso de 8% no faturamento anual das flores de corte, o Dia Internacional da Mulher teve redução de 30% em relação às vendas esperadas para a data. O produto que já havia sido adquirido pelo varejo não pode ser devolvido e há locais em que acabaram tendo de ser descartadas. Outros efeitos são a redução do volume produzido e o cancelamento de contratos.
— Nosso nível de preocupação aumentou muito. Produtores nem enviam mais toda produção, porque sabem que não vão vender — acrescenta Schoenmaker.
Em 2020, o prejuízo estimado nas flores de corte, considerando floricultor, atacadista e varejista, foi superior a R$ 1 bilhão no país.
Coração nacional da compra e venda de flores, e maior produtora do país, a região de Holambra, no interior de São Paulo, as incertezas e indefinições quanto à comercialização têm levado ao descarte do produto.
Na Cooperativa Veiling Holambra, cerca de 400 mil unidades oferecidas nesta semana no sistema de leilão devem ser descartadas.
— Sem computar o que o produtor já está descartando nas suas estufas, e o que os clientes, floriculturas, gardens centers e supermercados já estão jogando fora no próprio ponto de venda por terem sido impedidos de vender os produtos — observa Jorge Possato, CEO da cooperativa.
Com duas datas importantes pela frente, Páscoa e Dia das Mães, a preocupação com a possibilidade de venda cresce. Segundo o dirigente da cooperativa, as flores para essas datas já estão plantadas, "no mínimo, desde dezembro".