No ano em que a qualidade da “safra das safras” aguçou o paladar para os vinhos brasileiros, a pandemia teve efeitos contrários sobre as vendas, conforme o tipo da bebida. A proximidade com as festas de final de ano fez os espumantes retomarem espaço, mas não ao ponto de compensar a perda acumulada.
O fechamento de bares e restaurantes, no início, e o cancelamento de eventos foram fatores que pesaram na hora da comercialização. Mais recentemente, a falta de garrafas para o envase também impactou. O fato é que, no acumulado até novembro, faltaram mais de 1 milhão de garrafas para que o resultado se equiparasse ao de igual período de 2019. Segundo a União Brasileira de Vitivinicultura (Uvibra), nos 11 meses de 2020 foram 19,19 milhões de litros, redução de 0,9% sobre 2019. Só em novembro, a diferença em relação a igual mês do ano passado foi de 803,63 mil litros ou 1,07 milhão de garrafas.
Por outro lado, o vinho fino ganhou espaço à mesa, com a venda crescendo 58,11%, chegando a 22,71 milhões de litros de janeiro a novembro.
— A pandemia mudou o comportamento do consumidor, e o vinho passou a ser o grande companheiro, enquanto o espumante, líder das festas de final de ano, perdeu um pouco do seu brilho em razão do momento pandêmico vivido — avalia Deunir Argenta, presidente da Uvibra.
Favorecido pela variação cambial e reconhecido pela qualidade singular da safra de 2020, o vinho brasileiro ganhou competitividade, melhor distribuição e a facilidade no acesso com o uso de ferramentas como o e-commerce.
— Realmente, 2020 é o ano do vinho brasileiro. A percepção da qualidade do produto pelo brasileiro que, movido pela alta do dólar, passou a optar pelos rótulos nacionais, é motivo de comemoração, pois mostra um novo período para o setor — reforça o presidente da Uvibra.