O jornalista Fernando Soares colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra no Rio Grande do Sul (MST-RS) e o Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) estão fazendo um checkup completo na produção de arroz orgânico. Neste mês, as organizações iniciaram a primeira fase de um projeto voltado à melhora no manejo das lavouras do cereal sem agrotóxicos. Utilizando como laboratório áreas nos assentamentos em Nova Santa Rita, Eldorado do Sul e Viamão, a experiência pretende nos próximos três anos aperfeiçoar e corrigir o atual método de cultivo do alimento.
- Vamos estudar o que é feito hoje nas propriedades e, a partir disso, iniciar toda uma discussão da revisão do manejo técnico. Isso envolve todo o processo produtivo, do preparo do solo, as sementes utilizadas, a semeadura e o pós-semeadura - diz Emerson Giacomelli, coordenador do Grupo Gestor do Arroz Agroecológico do MST.
O arroz orgânico atualmente responde por 0,5% da área plantada no Estado. Dos 5 mil hectares cultivados sem químicos no Estado, aproximadamente 4 mil, ou 80% do total, estão situados em assentamentos ligados ao MST. Giacomelli, destaca que, a partir da pesquisa com o Irga, a meta é aumentar a produtividade para 140 sacas por hectare nos próximos anos. Atualmente, as lavouras atingem, em média, entre 90 e 100 sacas.
Técnico orizícola do Irga, Edivane Portela nota maior interesse dos produtores gaúchos em plantar o arroz de maneira orgânica. O menor custo produtivo é um dos atrativos. Em geral, a lavoura sem agrotóxicos demanda ao menos 70 sacas por hectare para se pagar. Já no manejo convencional, a produtividade chega em média a 140 sacas, mas os custos podem equivaler a até 155 sacas, segundo Portela.
- A maior dificuldade que se tem hoje para o avanço do arroz orgânico é a difusão do conhecimento. O plantio tem um custo muito inferior ao sistema convencional - compara.
Neste sentido, a pesquisa conduzida por Irga e MST deverá resultar em uma revisão bibliográfica do cultivo do arroz agroecológico. Os materiais produzidos nos próximos meses serão disponibilizados aos produtores interessados no manejo sem produtos químicos.