Para os mais entendidos, pode até passar batido, mas entre os rótulos de destaque na Avaliação Nacional de Vinhos deste ano, chamam a atenção variedades de uva bem diferentes das tradicionais – e mais conhecidas do grande público. É o caso da touriga nacional, da tempranillo e da petit verdot, que faziam parte de uma das 16 amostras mais representativas da safra na categoria vinho fino tinto seco.
Produzido pela Seival, do Grupo Miolo, tinha ainda merlot, cabernet sauvignon e tannat na composição (seis castas, no total). A mistura conquistou o paladar do júri. E foi elaborada a partir parreirais cultivadas na campanha gaúcha, explica o enólogo Miguel Almeida:
– Acreditamos muito nas castas pouco conhecidas, no potencial para criar complexidade. Vinhos de corte, compostos de mais de uma variedade de uva, tendem a ser mais complexos, mais longevos.
São mais de 40 castas diferentes cultivadas em cerca de mil hectares de vinhedos em quatro vinícolas do grupo: na Serra (Miolo), na Campanha (Seival e Almadém) e no Vale do Rio São Francisco, na Bahia (Terranova).
– Mais do que o tamanho, a maior fortaleza é a grande diversidade de lugares e hectares – diz o enólogo português, lembrando que os vinhedos estão em três biomas diferentes.
No rótulo premiado na avaliação, que leva a marca Sesmarias, a ideia era produzir um vinho que “fosse um ícone”.
A petit verdot é uma variedade típica de Bordeaux, na França. A touriga nacional é típica de Portugal e a tempranillo, nasceu na Espanha. A lista de castas produzidas é longa. Sobre a qualidade da produção em 2020, Almeida observa:
– Acho que é obrigação todos os anos fazer a melhor das safras.