Apesar da multiplicação de nuvens de gafanhotos nos céus da Argentina – nesta quarta-feira (5) os focos de monitoramento seguiam sendo seis –, a maior preocupação para o Rio Grande do Sul em relação à praga está no futuro. É a possibilidade de novos agrupamentos, com a emergência dos filhos dos enxames atuais no momento em que o Estado já estiver com a produção de grãos de verão sendo cultivada. Situação que potencializa prejuízos.
O entomologista Jerson Guedes, coordenador do Laboratório de Manejo Integrado de Pragas da UFSM, explica que o ciclo de desenvolvimento da espécie, em números de dias, varia conforme a temperatura. Até chegar à fase adulta, leva cerca de 60 dias (20 na fase de ovo mais 40 na fase jovem).
– Do momento em que pousaram no local até 60 dias depois podem chegar à fase adulta em que voam. São os filhos desses locais de pouso e podem formar nuvens – explica.
Além do caminho percorrido, outro ponto de atenção é o centro de origem. As seis nuvens entre Salta, Chaco, Formosa, Santiago del Estero, poderiam levar entre 30 e 40 dias para chegarem ao Estado. Nos dois cenários, já haveria culturas de verão.
Juliano Ritter, agrônomo e fiscal estadual agropecuário que acompanha a movimentação de perto, na Fronteira Oeste, acrescenta outro risco:
– Seria a formação de uma nova nuvem próxima do Estado em época de calor, como outubro, quando há vento quente em todas as direções. Não é como agora, que só vem do norte.
Na Argentina, segundo informações do Serviço Nacional de Sanidade e Qualidade Agroalimentar (Senasa), os danos registrados na produção foram ocasionais em pastagens e outras culturas de inverno. Produtores relatam ainda alguns estragos em citros. Em janeiro, na entrada da primeira nuvem, houve perdas pontuais em milho, cana-de-açúcar e mandioca em Formosa.