O jornalista Fernando Soares colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
A relação entre preço e custo para o plantio de soja e milho, as duas principais culturas de verão do Rio Grande do Sul, está no patamar mais favorável ao produtor gaúcho dos últimos anos. Esse é o indicativo do primeiro levantamento realizado pela Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado (Fecoagro-RS) para a safra 2020/2021, divulgado nesta quarta-feira (16).
No atual momento, o custo de produção da soja seria de R$ 3.643,02 por hectare, elevação de 7,72% em relação ao período 2019/2020. Ao mesmo tempo, o preço da saca atingiu R$ 103 em julho, alta de 51,47% na comparação com igual época de 2019. Isso significa que o produtor precisará colher 35,37 sacas para cobrir o valor total de formação da lavoura, volume 29,02% inferior ao da safra passada.
Já no milho, o custo atual da lavoura ficaria em R$ 5.034,58 por hectare, alta de 9,83% frente ao ciclo passado. Paralelamente, a saca alcançou a marca de R$ 43, incremento de 38,17%. Desta maneira, o agricultor deverá colher 117 sacas para pagar todos os gastos, montante 20,51% inferior ao da safra passada.
-Para a soja é a melhor performance desde a safra 2011/2012 e para o milho é a melhor desde 2016/2017 - resume Tarcísio Minetto, economista da Fecoagro-RS e autor do estudo.
O presidente da Fecoagro-RS, Paulo Pires, constata que o aumento da rentabilidade está atrelado principalmente ao câmbio. No ano, o dólar apresenta valorização superior a 34% frente ao real, o que vem ajudando o produtor brasileiro a compensar a redução dos preços das commodities cotadas na moeda norte-americana.
-Se o produtor fizer as contas neste atual momento, qualquer investimento se torna viável. Mas não dá para se deixar contagiar pela euforia, pois se tratando de dólar é difícil saber qual será a situação mais adiante – pondera.
O dirigente constata que a relação custo-benefício poderá mudar conforme se aproxime o período de preparação da safra. O plantio do milho no Estado começa em agosto, enquanto o da soja avança a partir do final de setembro.