O jornalista Fernando Soares colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
Uma das frutas símbolo do inverno no Rio Grande do Sul, a bergamota começa a ser colhida no Estado em meio a um cenário de preocupação entre os citricultores. Isso porque a estiagem comprometeu o desenvolvimento das variedades precoces, como a caí, que é retirada dos pomares desde o final de abril, e está afetando as frutas mais tardias, casos da ponkan e a montenegrina.
Neste ano, a quebra pode chegar a um terço da safra. Inicialmente, a Emater estimava produção de 150 mil toneladas nos pomares gaúchos. Com as perdas já consolidadas em diversas propriedades, a tendência é de que a colheita não passe das 100 mil toneladas.
Assistente técnico da Emater no Vale do Caí, principal região produtora de bergamota no Estado, Derli Bonine sinaliza que a quebra pode ser ainda maior, caso a falta de chuva persista nas próximas semanas. A menor disponibilidade de frutas deverá resultar em aumento dos preços para o consumidor.
— A bergamota vai ficar mais cara para o consumidor, ainda que infelizmente isso não reponha a perda do citricultor. O reajuste pode chegar a 100% nas variedades precoces. Se o produtor está recebendo R$ 2 pelo quilo hoje, o consumidor começará a pagar a partir de R$ 4 o quilo — explica Bonine.
Além da fruta de mesa, a oferta para fabricação de suco também é impactada. Na Cooperativa dos Citricultores Ecológicos do Vale do Caí (Ecocitrus), os 120 produtores associados deverão perder metade da produção.
— Tínhamos a previsão de beneficiar 2 mil toneladas para suco. Hoje, não devemos conseguir chegar a 1 mil toneladas — lamenta Maique Kochenborger, presidente da Ecocitrus.
Focada na produção de sucos orgânicos, a Ecocitrus vende 80% dos rótulos de frutas cítricaspara a Europa. Com a redução na safra, o processo de comercialização neste ano deverá avançar somente no segundo semestre.