Análise regional das perdas provocadas pela estiagem nas lavouras de soja do Estado mostra que, embora o maior percentual de redução esteja no Norte, a menor produtividade colhida será na Metade Sul. A região consolidou-se nos últimos anos como nova fronteira agrícola do grão no Rio Grande do Sul.
Dados da Emater, que divide o território gaúcho conforme suas 12 regionais, confirmam a variabilidade dos prejuízos. A área de Soledade, no norte, terá a maior queda média em produtividade em relação à estimativa do início do ciclo. Os 1.235 quilos por hectare são 63% a menos do rendimento projetado no plantio, de 3.361 quilos por hectare.
Frederico Westphalen, também no norte do Estado, terá a menor diminuição: 27%, encerrando o ciclo com 2.573 quilos por hectare, também a melhor produtividade média da safra.
Partindo de uma base de comparação menor, Bagé vai fechar a colheita com 1.205 quilos por hectare, a menor média. Diretor técnico da Emater, Alencar Rugeri lembra que, historicamente, o registro de chuva na parte sul é menor do que na parte norte. E esse é um dos gargalos para a cultura.
– O solo também tem outras características, é mais vulnerável. Mas não é impeditivo para a produção – assegura.
Na prática, isso significa que é preciso um manejo diferenciado e tecnologias específicas para atender às particularidades da região, com uma necessidade maior de ferramentas para reservar água. E onde a irrigação tem um papel mais relevante. Porque essa desigualdade de sacas tem impacto sobre rentabilidade.
Com a ressalva de que o valor hoje da soja é bem maior do que no começo da safra e de que a produção é negociada ao longo de todo o ciclo, é possível dizer que as diferenças têm um preço. Vinte sacas separam o maior do menor rendimento. Considerada a cotação média da saca de R$101,53 da última semana da Emater, são R$ 2,03 mil a mais ou a menos por hectare.
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