Com tempo certo para colher e vender, produtores de flores do Estado têm sentido grande impacto do cenário trazido pela covid-19. Sem conseguir negociar, em alguns casos, têm de colocar produto fora. Tentativas de doação também são frustradas, muitas vezes, pela dificuldade na entrega. Presidente da Associação Rio-Grandense de Floricultura (Aflori), Valdecir Ferrari confirma que todo o setor sofre com as condições atuais.
— Existem duas grandes demandas. Uma é a da decoração de eventos, que acabou. E isso arrebentou o mercado de flores de corte. Nas de jardim, com as floriculturas fechadas, há grande dificuldade logística. Vai haver desemprego em massa no setor — lamenta Ferreira.
Segundo o dirigente, o segmento de plantas ornamentais emprega cerca de 10 mil pessoas e deve perder entre 30% e 40% dessas vagas em razão do cenário atual.
Para não ter de colocar a produção fora, Antonio Carlos Baldi Filho e a esposa, Cristina, de Gramado, na Serra, tiveram de se adaptar. Passaram a realizar a venda direta ao consumidor.
— Na semana passada, como ia sobrar flor, minha esposa colocou uma caixa na frente de casa, para doar aos vizinhos — conta Antonio.
A renda do casal vem da estufa de 1.250 metros quadrados, onde cultivam alstroemérias. São 800 pacotes por mês, negociados com floricultoras e eventos. Há duas entregas semanais, em Gramado e Canela. A colheita é diária porque há um ponto exato de corte. Como as mudas vêm da Holanda, o casal também precisa pagar royalties, em euros, uma vez ao ano.
Segundo a Aflori, o Estado em cerca de 200 produtores de flores, de pequenos a grandes. A expectativa agora se volta para o dia das mães, um dos pontos altos do ano.
— O setor está arrasado. A gente precisa de socorro, e todo recurso que vier é importante, mas também temos de ter um pouco de possibilidade de comercializar — observa o presidente da entidade.
Com produção familiar de alstroemérias, Antonio Carlos Baldi Filho, de Gramado, teve de se adaptar para conseguir vender Nesta semana, o governo federal anunciou a liberação de linha de crédito de R$ 20 mil para produtores familiares e de R$ 40 mil para médios, de atividades afetadas pelos efeitos da pandemia. Ambas têm, no entanto, taxa de juro acima da Selic.