A edição deste ano da Expodireto-Cotrijal, uma das principais feiras do agronegócio no país, começa na próxima segunda com algumas semelhanças, mas também diferenças em relação a anos anteriores. O evento, realizado em Não-Me-Toque, no norte do Estado, se mantém como vitrine da tecnologia e palco político do setor. Empresas guardam suas principais novidades para apresentar no espaço. Debates e informações técnicas se proliferam em todos os cantos. Políticos marcam presença. Situações que se repetirão.
Por outro lado, há ingredientes singulares — e combinados. Depois de sete safras cheias, o Estado volta a registrar estiagem. Aliás, o tamanho do impacto será conhecido com maior precisão no balanço divulgado pela Emater na feira.
Vice-presidente da Federação da Agricultura do Estado (Farsul) e produtor na região, Elmar Konrad observa que as lavouras de soja estão no período mais crítico do desenvolvimento, em que a chuva não pode falhar. Por isso, avalia que a postura do agricultor seja de cautela na hora de fazer investimentos.
— Teremos locais com altos rendimentos, mas em outros haverá quebra — pontua.
O dirigente acrescenta que, no evento, deverá se chegar a um melhor direcionamento técnico das medidas para minimizar os prejuízos — a vinda da ministra da Agricultura, Tereza Cristina, está prevista no primeiro dia.
Claudio Bier, presidente do Sindicato da Indústria de Máquinas e Implementos do Estado (Simers), entende que manter a cifra de R$ 2,4 bilhões, de 2019, será um bom resultado. E embasa parte da expectativa nos visitantes de outros Estados:
— Como o Brasil deve ter supersafra, nossa régua não pode ser medida só pelo Rio Grande do Sul.
Paulo Pires, presidente da Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado, cita também “momento interessante do poder de compra ”:
— Nunca tivemos relação de troca tão favorável, em especial no trigo e no milho.
Reflexo de outro ingrediente: a variação cambial, afetada também pelo coronavírus.