Pela imagem capturada por técnicos da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a produção do Rio Grande do Sul deve encolher em relação à safra passada, diferentemente do país, com previsão de novo recorde. Com base em dados coletados a campo na última semana de janeiro e divulgados nesta terça-feira (11), a superintendência regional do órgão no Estado aponta redução de 6,2% na colheita da safra 2019/2020, somadas as culturas de verão e de inverno, com 33,37 milhões de toneladas. No Brasil, a projeção é de volume de 251,12 milhões de toneladas, alta de 3,8% e desempenho histórico.
Na produção de verão do RS, todas as lavouras têm projeção de perdas na comparação com a safra de 2018/2019. Por enquanto, o maior impacto aparece no milho, com produção estimada agora pela Conab em 5,05 milhões de toneladas, recuo de 12,4% sobre o resultado anterior. Essa diferença negativa, no entanto, tende a crescer, uma vez que no momento em que o levantamento foi feito, a colheita era de cerca de 25% da área total. Superintendente substituto, Carlos Bestétti confirma que o número poderá ser revisado. A atenção agora se volta para a soja, que entra em período importante de desenvolvimento, quando não pode faltar água.
— Esta e a próxima semana serão divisores de água. Se não chover, a situação fica crítica para a soja. Deu uma travada (nas perdas) com a chuva de janeiro, mas agora parou de novo (a precipitação) — observa Bestétti.
Percepção compartilhada pelo presidente da Associação dos Produtores de Soja do Estado (Aprosoja-RS), Luis Fernando Fucks. Ele reforça que, em algumas regiões a chuva veio, mas não se regularizou. Cita Tupanciretã, município com a maior área cultivada do grão no RS, como um dos que tem sofrido com a falta de constância de precipitações.
— De Ijuí a Cruz Alta tem lavouras boas e outras que parecem estar com deficiência nutricional. Estamos apreensivos pela previsão de chuva, que não é muito abundante. E agora, o que perder, está perdido — acrescenta Fucks.
O IBGE também apresentou estimativa de safra, mas como os dados refletem levantamento feito em dezembro do ano passado, os efeitos da falta de chuva ainda não aparecem nos números. Já os dados que a Emater compila apontam reduções maiores (20,86% no milho e 9,2% na soja), mas referem-se ao que era esperado colher no início do ciclo e não a comparação com a safra passada.
Nesta quarta-feira (12), às 16h, o governador Eduardo Leite, o secretário da Agricultura, Covatti Filho, o presidente da Assembleia, Ernani Polo (PP), parlamentares e entidades do Estado reúnem-se com a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, em Brasília, para tratar das ações para reduzir o impacto da estiagem.
Os números do quinto levantamento da Conab
— Safra do RS (verão e inverno): 33,37 milhões de toneladas (-6,2% sobre 2018/2019).
— Safra do Brasil (verão e inverno): 251, 12 milhões de toneladas (+3,8% sobre 2018/2019).
— Entre as culturas de verão, no RS, o maior impacto estimado é no milho, com produção estimada em 5,05 milhões de toneladas (- 12,4% sobre 2018/2019).
— Na soja, a produção está estimada em 18,05 milhões de toneladas (-5,9%).