A jornalista Karen Viscardi é colaboradora da colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
A indústria de máquinas agrícolas está em estado de atenção com a possibilidade de acabarem os recursos do Moderfrota. Representantes do setor vão a Brasília para solicitar suplementação. Claudio Bier, presidente do Sindicato das Indústrias de Máquinas e Implementos Agrícolas do Estado (Simers) planeja bater na sede dos ministérios em 3 de fevereiro para tratar do tema. As reuniões foram solicitadas aos titulares das pastas.
O setor quer evitar o que ocorreu no ano passado, quando o dinheiro da principal linha de crédito para investimento do agronegócio terminou 60 antes de o Plano Safra encerrar, o que colaborou para o tombo nas vendas de máquinas agrícolas no segundo semestre. Agora, a possibilidade de um prazo maior sem verba, este ano, estragaria os planos de crescimento do setor.
A Secretaria de Política Agrícola do Ministério da Agricultura reconhece que o dinheiro está no final.
— O Moderfrota já tem acesso limitado. O bom sinal é que os agricultores estão investindo porque aumentamos o recurso — afirma Eduardo Sampaio, secretário de Política Agrícola.
Os números de recursos liberados ao produtor — de junho a dezembro de 2019 — podem não demostrar a falta de dinheiro: R$ 4,4 bilhões da linha. O valor corresponde a 45% do total de R$ 9,69 bilhões anunciados pelo governo no atual Plano Safra. Mas o balanço das vendas de janeiro e a comercialização nas feiras neste início de ano no sul do país devem elevar significativamente os valores: Show Rural Coopavel, de 3 a 7 de fevereiro, em Cascavel (PR), e Expodireto Cotrijal, de 2 a 6 de março, em Não-Me-Toque.
Além de terem ficado dois meses sem o Moderfrota disponível, os produtores tiveram de pagar juros acima dos níveis históricos, que antes eram equivalentes à metade da taxa Selic. Por isso, Bier começará a negociar as condições de financiamento do programa para o próximo ciclo:
— Vamos tentar reduzir o juro para o próximo Plano Safra, que está sendo preparado.
Luiz Carlos Gomes de Moraes, presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), cobra políticas de longo prazo.
— Não dá para um setor tão relevante na balança comercial e na economia ficar todo ano vendo se terá recursos suficientes. Não dá para ter ano de 10 meses, e o dinheiro acabar. A falta de recurso afeta planejamento, produção, emprego e indústria como um todo — afirma Moraes.