Atual presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do RS (Fetag), Carlos Joel da Silva foi reeleito na terça-feira (14) para a gestão 2020-2024, com 95% dos 492 votos. À coluna, ele falou sobre impactos da estiagem e metas da entidade.
Qual o principal desafio para a nova gestão?
É garantir renda para o agricultor, para que fique na atividade. O Paraná, por exemplo, tem projeto de desenvolvimento de longo prazo. Qual o planejamento do Rio Grande do Sul para o ano que vem? Devemos sentar e discutir o que queremos com agricultura e pecuária, olhar infraestrutura, financiamentos, seguro, irrigação.
Se não mudar a política do leite, o pequeno produtor acabará saindo.
CARLOS JOEL DA SILVA
Presidente reeleito da Fetag-RS
Como a estiagem afeta a produção familiar?
Nós temos perdas consolidadas e que ainda irão se consolidar. O reflexo da estiagem não acaba com a chuva. A soja que se recupera com a chegada da chuva não produzirá a mesma coisa do que em ano normal. Então vai ter quebra dessa produção. O leite também demora para retomar. Se não tivermos chuvas boas para recuperar pastagens no inverno, cai ainda mais. O que recupera mais rápido é o hortifrutigranjeiro. Temos muita soja e milho sendo plantados nesta semana, depois da chuva.
O cenário atual pode impacta ainda mais a pecuária de leite, que perdeu quase 40% dos produtores em quatro anos?
Vai ficando cada vez mais difícil. Quando há produção menor, a tendência é do preço subir. Mas o produtor não tem leite. A estiagem vem prejudicar ainda mais, dificultar com que o produtor continue na atividade. No ano, em dois ou três meses o preço está razoável, depois temos oito ou nove meses que o produtor paga para produzir. Se não mudar a política do leite, só do médio produtor para cima ficará, e o pequeno acabará saindo.
Qual a importância do Proagro em situações de perdas?
É neste momento que vemos a importância de seguro bem feito e que garanta a renda para o agricultor. O Proagro é muito bom e poderia ser melhor, precisamos aprimorar. Hoje contempla até 80% da renda prevista do agricultor. Então, fará a diferença para muito agricultor nesta estiagem. O seguro rural também não é tão ruim, mas é caro e não é suficiente para atender à demanda do país. Precisamos aprimorá-lo. O seguro é essencial para a agricultura para manter os agricultores sem dívidas.
Atenção: acesse o site e o aplicativo GaúchaZH usando o seu e-mail cadastrado ou via Facebook. O nome de usuário não está mais disponível. Acesse gauchazh.com/acesso e saiba mais.