Quando duas superpotências mundiais brigam, é sempre difícil prever o resultado do combate. A proporção de qualquer passo dado costuma ser intensa, com efeitos colaterais que impactam mesmo quem não está diretamente ligado ao confronto. Tem sido assim com a guerra comercial travada entre Estados Unidos e China. A nova sinalização dada por Trump, de que o embate pode estar chegando ao fim, traz consigo expectativas que vão do curto ao longo prazo e atraem a atenção do produtor brasileiro. Pelo que estaria sendo negociado, os chineses voltariam a intensificar, entre US$ 40 bilhões e US$ 50 bilhões, as compras de produtos agrícolas americanos.
Essa nova perspectiva mexe com o mercado. Na sexta-feira, o preço da soja na Bolsa de Chicago fechou em alta. E em uma confirmação do acerto, a tendência é de que o valor do grão siga subindo em dólares.
– O acordo dá segurança de que os EUA venderão para a China, trazendo os fundos de investimento de volta para o mercado de Chicago, e a soja se valoriza. Em se configurando o acerto, o grão deve buscar um novo patamar de preços, acima de US$ 10 – pondera Índio Brasil dos Santos, sócio-diretor da Solo Corretora.
O problema para o produtor brasileiro está no fato de que essa valorização no valor do bushel (medida equivalente a 27,2 quilos) deve vir acompanhada de redução dos prêmios (espécie de bônus em razão da alta demanda) pagos pela soja brasileira.
– Nós estamos tendo vantagem nos prêmios por conta dessa briga. Mas na hora que isso se dissolver, perdemos essa vantagem. E eles vão se acertar, a questão é apenas quando – alerta Antônio da Luz, economista-chefe da Federação da Agricultura do Estado (Farsul).
Os especialistas reforçam que o acerto entre as partes traria de volta condição em que os preços no Brasil ficam alinhados aos internacionais. Neste momento, duas coisas favorecem o preço da soja em reais: o prêmio e a variação cambial. Ambos não podem ser controlados pelo produtor.
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