Satisfeitos. É como líderes do agronegócio se dizem em relação ao discurso do presidente Jair Bolsonaro na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) em Nova York. Para dirigentes de entidades e parlamentares ligados ao setor, o chefe do Executivo reforçou que o Brasil tem papel imprescindível no mundo em que a demanda por alimentos cresce na mesma proporção da população.
Bolsonaro também agradou ao citar os percentuais de preservação no país: a área com vegetação nativa e protegida ocupa 66,3% do território brasileiro. Dados da Embrapa corroboram essa informação. O uso agropecuário equivale a 30,2% (somadas pastagens nativas, plantadas, lavoura e florestas plantadas). Na fala, optou por destacar os 8% em que há plantações. E citou França e Alemanha como países em que mais de 50% da área serve à agricultura.
— Defendeu a soberania nacional, esclareceu equívocos sobre a Amazônia e ressaltou o importante papel do Brasil na produção mundial de alimentos e na preservação do meio ambiente — opinou o presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil, João Martins.
A posição é compartilhada pelo senador da bancada ruralista Luis Carlos Heinze (PP-RS), que forneceu informações que entraram no pronunciamento.
— Ele realmente comprou briga. Foi direto como sempre. A guerra (comercial) foi declarada e temos de fazer o enfrentamento — diz o senador.
Mesmo que a disputa por mercados internacionais não deva ser ignorada, o tom encontrado por Bolsonaro poderá produzir exatamente o efeito contrário ao desejado. Não se descartam novas críticas e ameaças de retaliações, alimentando um embate que, vide a guerra entre Estados Unidos e China, costuma ter mais prejuízos do que benefícios no longo prazo.