Depois de dois mandatos como governador do Espírito Santo, Paulo Hartung veio ao Estado como porta-voz da Ibá (Indústria Brasileira de Árvores), entidade que preside e que reúne empresas do setor florestal. Na agenda na capital gaúcha, na segunda-feira (13), conversou com vários interlocutores, inclusive com a equipe do governador Eduardo Leite. E aproveitou para reforçar a importância do segmento, que em breve voltará a ter representação em Brasília. Confira abaixo trechos da conversa com jornalistas.
A questão dos licenciamentos ambientais está na agenda da entidade? O senhor conversou sobre o assunto com o governador Eduardo Leite?
Minha missão número 1 é trabalhar para que os brasileiros conheçam mais o setor. É muito importante na geração de empregos (são 3,7 milhões, entre diretos e indiretos). Fatura R$ 73,8 bilhões ao ano e ajuda na geração de divisas. É relevante do ponto de vista ambiental. Hoje, temos mais de 7 milhões de hectares de florestas plantadas, que fazem retenção de CO2. Estão contribuindo com a questão do clima. É meu papel dar visibilidade ao setor. Temos leis, regulamentos estaduais, federais, que dificultam a evolução. O que estamos fazendo? Dialogando. Mostrando o potencial do setor.
A que leis e regulamentos se refere?
Por exemplo, o licenciamento para plantar árvore no Brasil é muito burocrático. Então, estamos discutindo. Desde o ano retrasado, começou a evoluir esse debate no país. Estamos caminhando para resolver essas e outras questões. Esse é um setor com impacto extremamente positivo no meio ambiente. Por isso, precisamos conversar com a sociedade, e esse é o meu papel. Porque se nós temos compromisso no Acordo de Paris de plantar mais florestas, temos de simplificar o processo de licenciamento.
Minha missão número 1 é trabalhar para que os brasileiros conheçam mais o setor.
PAULO HARTUNG
Presidente da Indústria Brasileira de Árvores (Ibá)
Um licenciamento demora hoje quanto tempo?
Depende do Estado. Muitas vezes dois anos, três anos, quatro anos, é lento o processo. Você cultiva árvores, é disso que se trata, é um cultivo. Mas tem conexões malfeitas. Por exemplo, outro dia tive de fazer carta para evento em São Paulo que pedia para não usar papel como ação ambiental. Tive de dizer: olha, informo que 100% do papel produzido no Brasil é de árvores cultivadas. Para ficar claro os equívocos que vão sendo construídos. A questão central é diálogo.
Há potencial para o setor crescer?
Está em crescimento, mesmo com o Brasil andando agora meio de lado. Há investimentos de R$ 20 bilhões. A Klabin anunciou investimentos de R$ 9,1 bilhões nas plantas do Paraná. O setor enseja potencial de crescimento muito maior. Aí você encontra obstáculos. Na burocracia, que tira a velocidade do setor muitas vezes, no custo Brasil. Eu não quero brigar, quero convencer. Vamos na base da demonstração, da ciência, das evidências, de que é bom para o ambiente o setor crescer.