Gaúcho de Osório, Alceu Moreira, 64 anos, assume em seu terceiro mandato como deputado federal o desafio de comandar a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA). Com 250 deputados e senadores, o grupo concentra a bancada ruralista nas duas casas e foi presidido na gestão passada pela atual ministra da Agricultura, Tereza Cristina. A posse oficial foi na noite de terça-feira (19), em Brasília. Por telefone, o parlamentar conversou com a coluna. Confira trechos da entrevista.
Existe desconforto da FPA, que apoiou em peso Bolsonaro, com as propostas da equipe econômica do governo, como revisão de subsídios ao crédito rural?
Não temos até hoje nenhum ruído com o governo, porque o que temos do governo são comentários, não há proposta específica. Essa questão dos subsídios, temos de discutir incluindo outros fatores que compõem os custos das lavouras. É possível várias coisas como, por exemplo, reduzir o spread bancário. O governo pode propor, e vamos propor uma série de coisas. É muito mais uma questão matemática, caso tenha de se fazer um ajuste no setor.
Como veem a questão do passivo do Funrural?
Seguramente, teremos de sentar com Bolsonaro e com a equipe econômica para ver o que é possível. O discurso ficou genérico. Esse é um passivo que grande parte dos produtores tem de maneira alienada. Se tu deve alguma coisa e recebe liminar dizendo que é inconstitucional, tu não paga. Aí a Corte decide rediscutir e dá decisão inversa. A grande maioria dos produtores não consegue pagar. Teremos de achar alternativa, encontrar consenso.
O uso da molécula certa faz com que se empregue menos inseticida na lavoura.
ALCEU MOREIRA
Presidente da FPA
Um dos temas mais polêmicos em debate no ano passado é o da mudança nas regras de agrotóxicos. Deverá ser retomado em 2019?
Com certeza. Faremos workshop com relação aos temas e convidaremos os maiores especialistas do mundo para fazer convencimento da sociedade. O uso da molécula certa faz com que se empregue muito menos inseticida na lavoura. O debate deve ser claro. A frente fará essa discussão externa para esclarecimento, para mostrar para a população que temos compromisso com o que comem. A agricultura começa no solo e termina na boca dos consumidor.
Quais temas serão prioridades para a FPA?
Todo dia tem na pauta coisas emergenciais, como a discussão da legislação ambiental, da Lei Kandir. E tem temas de longo prazo. Um deles é discutir um plano trabalho de de 10 anos. Definir no Parlamento o que são obras de Estado para trazer previsibilidade, evitando situações como da BR-116. Se toma uma decisão e, no meio disso muda o governo, que diz : não quero essa estrada, quero outra.