A divulgação da lista dos 25 frigoríficos brasileiros que receberam autorização para exportar carne de frango à Arábia Saudita acabou sendo motivo de polêmica. A razão para isso está no corte do número de habilitações e da suspeita de que seja um recado ao governo brasileiro. Até então, segundo nota da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), o Brasil tinha 58 empresas com permissão para embarcar produtos ao país do Oriente Médio.
A própria entidade esclarece que boa parte dessas indústrias já não vinha fazendo negócios com os sauditas e que, na prática, "somente 30 destas embarcam produtos efetivamente". Logo, cinco companhias teriam sido deixadas de fora na nova lista.
Na mesma nota, a ABPA informa que "as razões informadas para a não-autorização das demais plantas habilitadas decorrem de critérios técnicos" e que "planos de ação corretiva estão em implementação para a retomada das autorizações".
O Ministério da Agricultura, por sua vez, afirmou apenas, em seu site, que 25 empresas foram habilitadas pela Arábia Saudita e que essa aprovação é resultado de missão enviada ao ao Brasil em outubro do ano passado.
Em Brasília para uma série de encontros, o presidente da ABPA, Francisco Turra, disse ter conversado com Odilson Ribeiro e Silva, secretário de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura.
— Tenho convicção de que não há retaliação ao governo brasileiro. Há algum tempo, os sauditas vinham dizendo que queriam gradativamente dar força ao produtor local, estão fazendo grandes criatórios no deserto — afirma o dirigente.
No ano passado, o Brasil exportou 486,4 mil toneladas de carne de frango para a Arábia Saudita, o que representou 12,1% do total. Foi o principal destino dessa proteína brasileira. Segundo o Ministério da Agricultura, as 25 empresas agora habilitadas responderam por 63% desse do volume embarcado.
Apesar das explicações formais, a situação da não renovação da licença de 33 empresas levantou a suspeita de que, de alguma forma, os sauditas estejam mandando um recado ao governo brasileiro por conta da manifestação de que deseja transferir a embaixada em Israel para Jerusalém.