Quando começarem a plantar a safra de soja no Rio Grande do Sul, a partir da próxima semana, os produtores manterão um olho na terra e outro na variação cambial. Isso porque é a desvalorização do real diante do dólar que está garantindo o bom preço do produto no mercado. Recentemente, a cotação do grão se aproximou dos menores patamares em 10 anos na Bolsa de Chicago – na casa dos US$ 8,30 o bushel. Com o dólar acima dos R$ 4 no câmbio brasileiro, o preço da saca paga ao produtor tem superado os R$ 80.
– Enquanto semeia a safra, o produtor deve ficar atento aos bons momentos para comercialização porque não saberemos qual cenário teremos lá na frente – orienta Luis Fernando Fucks, presidente da Associação dos Produtores de Soja no Rio Grande do Sul (Aprosoja-RS).
O receio é justamente o descolamento da taxa de câmbio entre o plantio e a colheita. A alta do dólar fez com que o custo de produção das lavouras aumentasse, especialmente por causa dos fertilizantes – a maioria importados.
– Existe o risco de o produtor plantar a safra mais cara da história e colher a uma taxa de câmbio bem mais baixa, quando o componente atual das eleições terá passado – alerta Antônio da Luz, economista-chefe do Sistema Farsul.
Para se proteger da volatilidade do câmbio, a recomendação é de que o produtor feche contratos de venda antecipada ou de barter (troca de grão por insumo) de pelo menos uma parte da produção – garantindo a cotação atual do produto. Outro fator que ronda o plantio da soja é a indefinição em relação à tabela de frete – fator que atrasou a entrega dos insumos, e elevou os custos, em praticamente todas as regiões do país.
Soma-se ao cenário interno do país a instabilidade gerada pela guerra comercial entre China e Estados Unidos. A disputa entre as duas maiores economias do mundo ainda divide o agronegócio entre riscos e oportunidades.