Impactada por ações dentro e fora de casa, a indústria brasileira de aves vem perdendo receita e recorrerá ao BNDES em busca de apoio financeiro para enfrentar esse momento. Em encontro marcado para esta quinta-feira com o presidente do banco, Dyogo Oliveira, representantes da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) buscarão linhas de financiamento capazes de dar fôlego às empresas. Francisco Turra, presidente da entidade, estima que, entre repactuação de dívidas (para produtores) e crédito novo sejam necessários cerca de R$ 2,5 bilhões:
– As exportações caíram, e as empresas passam por momento de extrema necessidade.
Os números comprovam a fala do dirigente. Entre janeiro e maio, o volume embarcado foi 8,5% menor e a receita, 12,3%. Reflexo de medidas como o descredenciamento de 20 frigoríficos pela União Europeia. Antes disso, as operações Carne Fraca e Trapaça também fizeram estragos nas exportações do setor. E, mais recentemente, a China anunciou sobretaxa de até 38% (o percentual varia conforme a empresa), sob o argumento de que o Brasil estaria praticando dumping.
Para completar o cenário de dificuldades, os principais insumos do setor (soja e milho) ficaram mais caros. E teve a greve dos caminhoneiros, que deixou o setor paralisado durante 11 dias.
– Uma semana parado é 25% do faturamento mensal. Foi um conjunto de coisas que, cada uma com sua importância, levou a esse caminho – pondera Nestor Freiberger, presidente da Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav).
Turra acrescenta que entre os argumentos a serem usados está a importância do setor na geração de empregos e de renda:
– Das regiões com os 25 municípios brasileiros mais desenvolvidos, 14 têm muito fundamento na avicultura. Vamos provar também que consideramos esse momento transitório.
Freiberger alerta, no entanto, que os financiamentos têm de ser viáveis. Ou seja: precisam ser "pagáveis", para não se transformar em algo que tire o oxigênio do paciente.