O mercado internacional de soja foi sacudido pela notícia de que a China pretende aplicar taxa de 25% sobre o produto vindo dos Estados Unidos. Em um novo capítulo da guerra comercial que vem sendo travada entre os dois países, os chineses apresentaram a relação de itens que devem ser tarifados. O que se viu logo depois foi um efeito negativo para os produtores americanos. A cotação da commoditiy na Bolsa de Chicago ficou em queda livre – os valores chegaram a ficar abaixo de US$ 10. No final do dia, o valor para os contratos de maio ficou em US$ 10,15, recuo de 2,21% em relação ao dia anterior.
– Esse rolo com a China tem viés extremamente baixista em Chicago – reforça Carlos Cogo, consultor em agronegócio.
Cenário diferente se desenhou em território brasileiro, onde os prêmios para exportação do grão subiram, compensando o recuo em Chicago. Em uma primeira análise, o Brasil, que já é o maior exportador mundial de soja para a China, poderia ampliar ainda mais sua participação naquele mercado diante da taxação ao produto americano.
Mas o fato de as medidas do presidente Donald Trump – e as consequentes retaliações de Xi Jinping – terem uma conotação mais política do que econômica exige cautela. Boa parte dos analistas avalia que aplicação das tarifas à soja não saia do papel por pressões existentes nos dois países.
Eleitores e apoiadores de Trump, os produtores do chamado cinturão de grãos serão diretamente impactados em caso de confirmação das tarifas e devem trabalhar para evitar que isso aconteça.
– Há uma pressão também por parte das indústrias esmagadoras e de carne chinesas, que perderão dinheiro com isso. Acho difícil que essa taxação se concretize – observa Luiz Fernando Gutierrez Roque, analista da Safras & Mercado.
Neste primeiro momento, criou-se uma grande especulação sobre o que poderá acontecer. E o anúncio da ameaça chinesa foi o suficiente para bagunçar o mercado.