Às vésperas da Expodireto do ano passado, a Selic estava em 12,25% ao ano. A taxa do Moderfrota, para a compra de máquinas agrícolas, era de 8,5%. Doze meses depois, o que mudou? Enquanto o juro básico da economia caiu para 6,75%, a da principal linha usada para a aquisição de tratores e colheitadeiras recuou apenas um ponto percentual –para 7,5% ao ano.
A situação vem afetando as vendas do setor, alerta o presidente do Sindicato das Indústrias de Máquinas e Implementos Agrícolas do Estado (Simers), Claudio Bier, que semana na passada fez um périplo por gabinetes em Brasília expondo a situação e pedindo juros mais em conta.
– Hoje a Selic está menor que o nosso juro. E o nosso juro já foi metade da Selic – reclama Bier, que se encontrou para tratar do tema com o ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, e o secretário de política agrícola do Ministério da Agricultura, Neri Geller.
Além do custo maior da operação, algumas linhas, como o Pronamp, voltado a médios produtores, não têm recursos. A situação levou a uma queda forte na venda de máquinas agrícolas em janeiro. Foram 1,6 mil unidades comercializadas, 39% abaixo do mesmo mês do ano passado e 55,8% inferior a dezembro, mostrou a Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).
– Quem se anima a pegar este financiamento caro ainda tem a dificuldade de acessar o crédito – acrescenta Bier.
Apesar do desempenho fraco das vendas no início do ano, o presidente da Cotrijal, Nei Mânica, projetou semana passada que os negócios na Expodireto, entre 5 e 9 de março, em Não-Me-Toque, podem subir até 20% sobre os R$ 2,1 bilhões alcançados em 2017.
Alguns dos principais bancos que trabalham com o setor, consultados pela coluna, sustentam que não vão faltar recursos para a Expodireto. A demanda será atendida, à exceção de linhas que não estão com recursos disponibilizados pelo BNDES. Veja abaixo o que as instituições estão planejando.
Banco do Brasil
Promete atender a toda a demanda. No primeiro semestre do ano passado, a maior parte dos R$ 550 milhões liberados em investimentos pelo banco (para máquinas, armazenagem, irrigação e correção do solo) foram gerados na feira. Durante a semana passada, o banco organizou pré-feiras em revendas de dezenas de municípios do Estado para divulgar a condições do BB para a Expodireto.
Banrisul
Assegura atender a toda a demanda, exceto recursos para o Pronamp (para médios produtores) e PCA (construção e ampliação de armazéns), devido à inexistência de dotação de dinheiro do BNDES para estas linhas. No Moderfrota, principal mecanismo para a compra da máquinas, a taxa caiu de 8,5% ao ano para 7,5%. Para a agricultura familiar comprar equipamentos, o juro se manteve em 5,5%.
BRDE
Prevê disponibilizar R$ 200 milhões, mesmo volume dos últimos dois anos. No ano passado, foram recebidos R$ 106 milhões em propostas. Devido à previsão de boa safra no Estado e melhora nos indicadores da economia, a expectativa é de "leve acréscimo" na procura por crédito. O financiamento à inovação no agronegócio teve taxas reduzidas de 8,5% ao ano para 6,5%.
Sicredi
Instituição espera definir como vai operar na Expodireto a partir da próxima semana. No ano passado, foram disponibilizados R$ 220 milhões e gerados protocolos de R$ 157,5 milhões, 19% acima de 2016. A procura por linhas do Pronaf cresceu 68% e, no caso do Moderfrota, 14% .