Não, a Philip Morris não vai abandonar seu negócio. Mas sim, ele deverá ficar diferente. Essa é a mensagem por trás do emblemático anúncio feito pela multinacional de que pretende deixar de lado a venda de cigarros no Reino Unido. A estratégia de mídia adotada no país europeu causou grande repercussão em todo o mundo. Tudo por conta das frases utilizadas na campanha. Como "Resolução do nosso Ano Novo: estamos tentando deixar os cigarros" e "Todos os anos, muitos fumantes desistem do cigarro. Agora é nossa vez".
Dona de marcas icônicas, como a Marlboro, a Philip Morris mostra, na verdade, uma tendência de busca por novos produtos, que tenham riscos menores do que os atuais cigarros. O combate ao tabagismo se tornou intenso e global. Medidas de controle à dependência do produto e de diversificação das lavouras são discutidas na chamada Conferência das Partes (COP) _ que é resultado da Convenção-Quadro, tratado internacional da Organização Mundial de Saúde do qual o Brasil é signatário.
Diante desse cenário, as companhias se viram obrigadas a buscar alternativas.
Além da Philip Morris, a Japan Tobacco International (JTI) e a British American Tobacco (dona da Souza Cruz) também vêm desenvolvendo produtos alternativos ao cigarro tradicional, em que o tabaco é aquecido, mas não queimado.
Preferindo não comentar a campanha e a decisão da Philip Morris, por serem questões "da empresa", o presidente do Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco (SindiTabaco), Iro Schünke, que reúne os três Estados do Sul, avalia que o impacto dos novos modelos sobre o cultivo só será determinado após a autorização e a regulamentação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o que ainda não ocorreu.
_ Tudo depende de como esses produtos crescerão no mercado. Teremos de aguardar a regulamentação, o preço de venda, o perfil do consumidor _ completa.
Esse movimento global reforça a necessidade do Brasil de permitir que os milhões de adultos fumantes tenham informação e acesso a essas novas tecnologias.
FERNANDO VIEIRA
Diretor de Assuntos Corporativos da Philip Morris Brasil
Aliás, com a campanha do Reino Unido, a Philip Morris cria pressão pela regulamentação do IQUOS _ que a empresa afirma não ser um cigarro eletrônico _ no Brasil. "A Anvisa tem a oportunidade de regulamentar já nas próximas semanas esses novos produtos através da revisão da RDC 90, que regulamenta todos os produtos de tabaco", afirmou, por meio de nota, a empresa.
Fica claro, no entanto que a transformação é no tipo de produto e não no insumo. "Nossa visão de construir um futuro sem fumaça não significa contruir um futuro sem tabaco", acrescenta a empresa.