Feito com o objetivo de fornecer ferramentas ao produtor para ser mais eficiente, o estudo da Companha Nacional de Abastecimento (Conab) sobre evolução de custos e rentabilidade do arroz no Rio Grande do Sul nas últimas 10 safras não escapou das críticas. Divulgado nesta segunda-feira, o documento apontou que os itens que mais pesam nos gastos com as lavouras do cereal são manutenção de máquinas, sementes, fertilizantes e agrotóxicos. A pesquisa foi realizada em Cachoeira do Sul, Itaqui, Uruguaiana e Pelotas.
– Na rentabilidade, o produtor teve período muito grande com preço abaixo da inflação, de maio de 2010 a agosto de 2012. A partir deste ano, os valores voltaram a cair – diz Aroldo Antônio de Oliveira, organizador do estudo.
Para Henrique Dornelles, presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Estado (Federarroz-RS), a identificação de que os equipamentos são relevantes e têm maior representação do que nas demais culturas é um ponto positivo do trabalho. Mas, no geral, avalia como "superficial", sem refletir "minimamente a realidade do setor". Ele pontua que não há "comentário sobre aumento da energia elétrica, que nos últimos três anos subiu mais de 100%. Também não inclui arrendamento e custo de oportunidade da terra:
– Na rentabilidade, o órgão fez média aritmética simples do preço no ano, e não considerou média ponderada, conforme comportamento de oferta dos produtores.
Ainda mais crítico, o economista-chefe do Sistema Farsul, Antônio da Luz, aponta vários problemas. Ele ressalta o fato de a entidade não ir a campo, todos os anos, realizar apuração dos custos de produção:
– Como fazem um estudo desses sem os dados anuais?
A discordância não é nova. Em 2014, custos de produção da Conab foram questionados no Estado por não refletirem, segundo entidades, a realidade no campo.