Pouco mais de seis meses após fechar as portas do frigorífico de carne bovina em Alegrete, na Fronteira Oestre, a Marfrig dá passos concretos para reativar a planta no município. Embora ainda não tenha confirmado oficialmente, o retorno é dado praticamente como certo diante da movimentação da empresa no Rio Grande do Sul nas últimas semanas. Na quinta-feira, diretores do grupo estiveram na Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) para tratar do pedido de nova licença de operação. Na mesma semana, o Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias de Alimentação de Alegrete entregou mais de mil currículos, à pedido da empresa.
Fechada em dezembro do ano passado, a unidade de bovinos demitiu 638 funcionários na época. A capacidade de abate era de 700 cabeças por dia.
– Desde então, apenas 30% dos trabalhadores conseguiram recolocação. O restante está desempregado – conta Marcos Rosse, presidente do sindicato.
Segundo Rosse, em acordo firmado na Justiça do Trabalho, o grupo tem até o final de outubro para colocar o frigorífico em operação novamente. Para isso, terão de vencer trâmites burocráticos.
– A empresa nos relatou que tem condições de colocar as questões ambientais em dia até o final de setembro – confirma Renato das Chagas e Silva, chefe do departamento de controle da Fepam.
A provável reativação do frigorífico é comemorada na região de Alegrete, Uruguaiana e São Borja, que concentra 30% do rebanho bovino do Estado e ficou sem nenhuma grande unidade de abate após o fechamento da planta. As outras duas operações da Marfrig no Estado estão localizadas em São Gabriel e em Bagé.
– O frigorífico de Alegrete é habilitado a exportar aos principais compradores mundiais, incluindo a China. O retorno significa mais carne gaúcha no mercado externo – diz Pedro Píffero, dirigente da Federação da Agricultura no Estado (Farsul).
Em julho, a Marfrig reabriu outras duas unidades no país, em Nova Xavantina (MT) e Pirenópolis (GO), além de ampliar a produção em outras quatro plantas localizadas em Goiás, Pará, Mato Grosso e Rondônia. A expansão da empresa ocorre no momento de inversão do ciclo da pecuária, com maior oferta de bois prontos para o abate, e também em meio à crise vivida pela JBS – que reduziu os abates no país após a delação dos irmãos Batista.
*Interina