A avaliação é unânime entre as entidades do setor: o Plano Safra da agricultura empresarial, anunciado ontem pelo governo federal, foi o pacote possível, não o desejado. A principal expectativa frustrada é em relação ao juro. Produtores esperavam um corte maior, alinhado com a redução da inflação e da taxa básica de juro.
Conforme antecipou a coluna, os recursos foram ampliados, para R$ 190,25 bilhões (R$ 188, 3 bilhões, mais R$ 550 milhões para seguro e R$ 1,4 bilhão para comercialização). Houve diminuição de um ponto percentual no juro dos financiamentos de custeio e de investimento e de dois pontos percentuais nas linhas do Inovagro e do Programa Para Construção e Ampliação de Armazéns (PCA).
– Apesar de estar consistente com a situação do país, não temos muito a comemorar. Esperávamos mais. Os juros não tiveram redução a ponto de impactar o custo, que está em alta – opina Henrique Dornelles, presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Estado (Federarroz).
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Vice-presidente da Federação da Agricultura do Estado (Farsul), Gedeão Pereira acompanhou a divulgação do novo pacote em Brasília. Ele têm opinião semelhante: esse foi o plano possível.
– Acredito que as dificuldades do governo sejam tão grandes que não puderam fazer nada melhor. Mas acho que o plano precisa sofrer uma remodelação – pontuou.
O dirigente ressalta que faltou dinheiro para financiar o atual ciclo – apenas 63% do montante anunciado no ano passado foi efetivamente tomado (veja nota).
– Não foi o plano que sonhávamos, mas pelas circunstâncias, foi o plano possível – corrobora Paulo Pires, presidente da Federação das Cooperativas Agropeucárias do Estado (Fecoagro-RS).
Durante a cerimônia, o ministro Blairo Maggi deu a entender que chegou a buscar melhores condições – e nos bastidores, o esforço dele diante do Ministério da Fazenda é reconhecido pelas entidades.
– Brigo para ter o máximo, mas não reclamo das condições que tenho para trabalhar – afirmou.