Da colheita recorde de soja no Estado, ninguém mais tem dúvidas. A divergência, agora, é apenas em relação à produção final – há quem projete 19 milhões de toneladas. No campo das vendas, no entanto, o volume é bem diferente.
A comercialização da atual safra anda em ritmo muito lento. Reflexo do preço da commodity, que vem caindo e está bem abaixo do registrado no ano passado.
Conforme Antônio Sartori, da Brasoja, em 2016, nesta época, 40% da safra havia sido negociada. Neste ano, não chega a 20%.
– O produtor ainda não está vendendo porque acha que a situação política do país pode desvalorizar o real frente ao dólar – comenta Sartori.
João Luz de Almeida, proprietário da Agro Almeida, confirma que o produtor está "resistindo em vender a soja". Ele acrescenta que, se a previsão do tempo estiver correta, 80% da área do grão deverá estar colhida até o próximo dia 15. Na semana passada, dados da Emater mostravam que o percentual era de 35%.
Presidente da Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado, Paulo Pires também percebe o ritmo lento de vendas:
– O produtor tomou a decisão de não comercializar agora. Claro, está focado na colheita, mas nosso entendimento é de que ele acha que o preço baixou demais.
Comparando o valor da saca de soja em 4 de abril do ano passado e em 4 de abril de 2017, a redução é de quase 14% – passando de R$ 75,50 para R$ 65,20 no porto de Rio Grande. No chamado preço da pedra – valor do dia para venda nas cooperativas –, a saca é negociada abaixo de R$ 60.
– Apesar da supersafra, poderemos ter um valor bruto da produção menor do que o do ano passado – afirma Pires.
Quando o ritmo dos negócios vai decolar ninguém arrisca prever. Variáveis que influenciam no preço de Chicago estão postas: safra recorde na América do Sul e área histórica plantada nos Estados Unidos.