Além da preocupação dos produtores com possível passivo, a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de considerar constitucional a cobrança do Funrural (percentual recolhido sobre a comercialização), dividiu entidades parceiras.
A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) apoiou a decisão. O mesmo não pode ser dito de sindicatos rurais e federações da agricultura do país, entre as quais a do Rio Grande do Sul.
– Estamos em terrenos opostos. Isso está criando um desgaste entre o produtor e o sistema – afirma Gedeão Pereira, vice-presidente da Federação da Agricultura do Estado (Farsul).
A entidade se mostra preocupada com a possibilidade de que a cobrança seja retroativa, o que considera indevido. Isso porque, nos últimos cinco anos, muitos produtores haviam obtido liminares para suspender o recolhimento do tributo. A própria Farsul tem ação contra o Funrural.
– Não reconhecemos a dívida porque estávamos protegidos pela Justiça. Começa a se trabalhar daqui para frente – completa Gedeão.
O atrito criado com as posições antagônicas é tamanho que há sindicatos do Brasil Central que estão pedindo a cabeça do atual presidente da CNA, João Martins.
A situação também abriu brecha para a senadora Kátia Abreu, (PMDB-TO), presidente licenciada da entidade, se manifestar contra a cobrança. Talvez tentando se reaproximar – foi preterida ao apoiar Dilma Rousseff no impeachment.
Para tentar apagar o incêndio criado com a situação, uma reunião foi marcada para a próxima semana. Resta saber se haverá água suficiente para acalmar os ânimos.