O crédito que faltou para as cerealistas investirem na ampliação das estruturas de armazenagem estaria fazendo toda a diferença agora, quando a safra de soja é recebida no Rio Grande do Sul. Com colheita recorde de 17,54 milhões de toneladas, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento, está faltando espaço para guardar o grão.
As empresas tiveram de buscar alternativas.
– Os caminhões viraram a extensão dos nossos armazéns. Recebi a ligação de um associado me dizendo que não tinha mais onde colocar a soja e ainda estava faltando colher 25% do grão na região dele – confirma Vicente Barbiero, presidente da Associação das Empresas Cerealistas do Estado (Acergs).
Até 2015, elas contavam com linha do Programa de Sustentação do Investimento (PSI) específica. Em 2016, o financiamento deixou de existir. Segundo Barbiero, só sobrou o Finame, que "se torna inviável".
A briga das cerealistas é para que o governo retome a linha destinada a elas.
A Acergs tem 55 associados, com 3,3 milhões de toneladas de capacidade estática. Neste ano, devem receber mais de 50% da safra de soja. As cooperativas, que projetam receber até 50% do grão, têm contado com o Programa para Construção e Ampliação de Armazéns. Nos últimos quatro anos, investiram R$ 2,1 bilhões na modernização das estruturas (com financiamentos e recursos próprios). Mas também enfrentam falta de espaço.
– A capacidade de armazenagem aumentou muito. Mas a produtividade cresceu, assim como a participação das cooperativas no recebimento de grãos – argumenta Paulo Pires, presidente da Federação das Cooperativas do Estado (Fecoagro).
O caderno Campo e Lavoura do final de semana mostrará o problema criado com a falta de espaço para armazenar a safra de soja do Rio Grande do Sul.