O atraso na entrega do talão do produtor poderá fazer com que a Secretaria da Fazenda (Sefaz) rompa o contrato de fornecimento com a Corag. Na próxima semana, a busca de novo fornecedor será avaliada.
É que os talões, fornecidos pelo governo ao produtor rural, estão chegando com atraso. De acordo com a Sefaz, até o final do ano passado, o agricultor fazia o pedido e, em até 15 dias, recebia no endereço indicado. Agora, só a impressão estaria demorando entre 18 e 20 dias, mais o tempo de entrega dos Correios.
A Corag afirma, no entanto, que o atraso é de uma semana e reflete aumento de 30% na demanda de confecção da nota fiscal do produtor em relação a 2016 em razão da safra maior. Como a companhia manteve a mesma estrutura, houve essse descompasso.
A associação de funcionários diz que a demora "é fruto do processo de sucateamento que o governo Sartori impõe à companhia".
O órgão também rechaça os comentários de que estaria fazendo uma operação tartaruga.
Em nota, a Corag diz que há um mês os funcionários trabalham 24 horas, "emendando turnos, inclusive em feriados e finais de semana. Esta operação será mantida também durante o feriado de Páscoa".
A expectativa é de que as entregas sejam normalizadas até o final da próxima semana.
Na prática, o atraso deixa agricultores sem a principal ferramenta para a comercialização em plena colheita da safra de verão.
– Sem o talão, não consegue negociar. Ou tem de vender "frio". Se a fiscalização pegar, é multado – afirma Carlos Joel da Silva, presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado (Fetag-RS).
A entidade recebeu reclamações formais da falta do documento em Tupanciretã, Ibirubá, Cruz Alta e Júlio de Castilhos.
No ano passado, foram emitidos 788 mil talões do produtor, com um custo de R$ 3 milhões. Já há previsão para a implementação da nota eletrônica, mas as dificuldades de acesso à internet no meio rural fizeram o governo adiar a medida. Enquanto a mudança não ocorre, o talão segue sendo fundamental.
– É primordial para nós, para o governo, para a arrecadação – diz Joel.