A cada nova etapa da Leite Compen$ado e da Lava-Jato, a impressão que se tem é de que essas operações não terão mais fim. A Lava-Jato começou em 17 de março de 2014 e chegou recentemente à 38ª fase. Da parte do Ministério Público Estadual (MPE), que investiga as fraudes no leite no Rio Grande do Sul e efetuou a 12ª ação desde 2013, a apuração das irregularidades não irá acabar mesmo.
– Não tem fim. Como já disse outras vezes, é uma atividade altamente rentável. E como a lucratividade é elevada, eles seguem cometendo as fraudes – observa o promotor Mauro Rockenbach, para quem a Lava-Jato vai terminar antes.
As adulterações agora estão sendo verificadas basicamente nos derivados de leite e em pequenos laticínios. A continuidade dos problemas se dá, na avaliação de Rockenbach, porque ainda existem falhas na fiscalização e na legislação. Como exemplo, ele cita a pena mais branda para quem adultera alimentos do que para quem altera produtos farmacêuticos.
E a fiscalização por amostragem continua sendo alvo de críticas.
– Não é toda matéria-prima que é conferida. É uma situação que propicia a fraude – completa Rockenbach.
Para Alexandre Guerra, presidente do Sindicato das Indústrias de Laticínios e Produtos Derivavados (Sindilat-RS) as repetições dos casos preocupam, porque "prejudicam todo o setor, todo o trabalho sério fica comprometido". Ele ressalta que as empresas flagradas na 12ª etapa não pertenciam ao sindicato.
– Com tantas apreensões, como podem continuar cometendo esse crime? Somos defensores dessa limpeza. Essas pessoas têm de ser eliminadas do setor – afirma o dirigente.
A indignação com as fraudes do leite trouxe o consumidor para o lado do MPE. Denúncias são recebidas por diferentes plataformas, inclusive pelo Facebook e pelo WhatsApp.
– Hoje, temos uma rede de relacionamentos espalhadas nos órgãos de fiscalização. Qualquer informação de adulteração chega para a gente. A investigação é apenas uma questão de tempo – garante o promotor.
Na prática, isso corrobora que muitas mais operações da Leite Compen$ado estão por vir. Pelo bem e pela segurança do consumidor.
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