Enquanto indústrias e produtores buscam crédito para compra de milho, o mercado indica que o produtor precisará se acostumar aos novos patamares de preço do grão. Depois de um 2016 com o produto extremamente valorizado, a realidade agora é outra. E poderá afetar a próxima safra de verão.
– Preços abaixo de R$ 30 não estimulam o produtor. Um bom ponto de equilíbrio seria entre R$ 33 e R$ 35 a saca – entende Cláudio de Jesus, presidente da Associação dos Produtores de Milho do Estado (Apromilho).
Presidente da Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado (Fecoagro-RS), Paulo Pires também avalia que a atual queda nos preços poderá fazer com que o agricultor não aposte na cultura na próxima safra, levando à redução de área. E diz ser necessário mecanismo de financiamento.
Segundo o Banco do Brasil (BB), existem linhas para produtores e cooperativas. Para a indústria, os financiamentos são com juro livre. Havendo demanda, porém, é possível buscar crédito a taxa controlada, explica João Paulo Comerlato, gerente de agronegócios da superintendência do BB no Estado.
Mas quando o assunto é preço, analistas avisam que é preciso virar a página de 2016. Agora, "o livro está ao contrário", compara o consultor em agronegócio Carlos Cogo.
O Brasil poderá colher a maior safra da história. E entre produção e estoque, deverá somar quase 100 milhões de toneladas.
Como o consumo interno é de cerca de 56 milhões de toneladas, haveria excedente superior a 40 milhões de toneladas.
– E não tem como exportar tudo isso – afirma Cogo.
Para complicar a equação, os brasileiros precisarão enfrentar a concorrência do milho argentino no mercado internacional. Com tudo isso, a tendência é de que a saca do grão fique dentro da média histórica, que é de R$ 30 a saca (valor para mercado de lotes).
– Vamos trabalhar muito próximo disso. No Sul, estimamos entre R$ 28 e R$ 32 a saca – projeta o consultor.