Que 2016 foi extremamente difícil do ponto de vista econômico, todo mundo sabe. As dificuldades se refletiram no poder de compra dos brasileiros. Na Centrais de Abastecimentos do Estado (Ceasa), na Capital, a crise também fez murchar negócios com flores. Conforme o diretor técnico operacional, Ailton dos Santos Machado, as duas atacadistas do setor estão entregando parte do espaço onde atuam. Em outra área, chamada de entre flores, são 22 produtores.
Impactados em anos anteriores pela dinâmica do mercado – com a profusão de floriculturas que passaram a comprar diretamente de Holambra (SP) –, os atacadistas sofreram baque ainda maior em 2016. Há 25 anos atuando na Ceasa, Saionara Farias Muniz, funcionária da SP Sul Flores, confirma que a crise atingiu em cheio o negócio:
– Nosso ramo é muito sazonal, trabalhamos por períodos. Já vinha caindo ano a ano, mas em 2016 despencou.
As flores são usadas em outras áreas igualmente afetadas, como o ramo da decoração em eventos. Na hora do aperto no bolso, é uma das primeiras coisas que as pessoas cortam, afirma Machado.
Saionara avalia que "o pior já passou", e tem boas expectativas para o período de formaturas e volta às aulas, que traz o público de volta à Capital. Por ora, a ordem é trabalhar "mais por encomenda".
– O ramo de flores foi o que mais sentiu, mas o de frutas e hortaliças também sofreu – alerta Machado.
Presidente da Associação de Produtores da Ceasa, Evandro Finkler, confirma. Segundo ele, foi a primeira vez que, no final de ano, a trinca batata, cebola e tomate estava com os preços "lá embaixo". Em 30 de dezembro de 2016, o preço mínimo do tomate paulista, por exemplo, era R$ 1,25. No ano de 2015, R$ 3.
– Só não estamos colocando fora porque na Ceasa existe o Banco de Alimentos – completa Finkler.
Na semana passada, depois de atender entidades cadastradas no Banco de Alimentos – que beneficia cerca de 50 mil pessoas –, a Ceasa distribuiu produtos em comunidades próximas a sua localização, na zona norte da Capital.
Uma supersafra e a baixa demanda são as razões que ajudam a explicar o fenômeno de queda nas vendas.
Se para o produtor o momento é ruim, para o consumidor, pode ser a oportunidade de fazer bons negócios.