A venda de máquinas agrícolas acumula uma forte queda no ano (25,8% apenas nos tratores), mas dois fatores dão ao setor a esperança de que a Expointer possa trazer uma surpresa positiva. A primeira é política. Sem entrar no mérito da questão, é possível que ainda nos primeiro dias da feira ocorra no Senado o desfecho do processo de impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff, virando uma página da crise política atravessada pelo país.
Com a barra do horizonte menos nublada, os agricultores, em sua maior parte capitalizados – à exceção dos produtores da Metade Sul, que tiveram perdas nas lavouras de soja e arroz em decorrência do clima –, poderiam voltar às compras. Ou, pelo menos, iniciar negociações que levem, nos meses seguintes, à aquisição de tratores, colheitadeiras e implementos, espera o presidente do Sindicato das Indústrias de Máquinas e Implementos Agrícolas do Rio Grande do Sul (Simers), Claudio Bier.
Mas há uma razão extra para apostar na possibilidade de a feira de Esteio chegar ao fim com um balanço considerado positivo. Mesmo que isso signifique apenas se aproximar do potencial contabilizado de negócios na edição do ano passado, da ordem de R$ 1,69 bilhão.
O motivo para acreditar em um impulso nos negócios vem da legislação. A partir de 2017, começa a valer, para as máquinas agrícolas, o Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores (Proconove), que obriga o uso de um motor menos poluente. A nova tecnologia tende a deixar um pouco mais caros tratores e colheitadeiras, o que poderia levar a uma antecipação das aquisições pelos agricultores, em busca de economia.
– Esse pode ser o fato novo da Expointer – aponta Bier.
A mudança de motor chegou em 2012 para caminhões e ônibus. À época, os veículos ficaram em torno de 10% mais caros, e isso levou à antecipação de compras no final de 2011. A renovação de frota significou um impulso momentâneo às vendas e à produção nas fábricas.
Na virada do ano, a nova legislação começa a valer para máquinas a partir de 101 cavalos vapor (CV). Em 2019, para as de menor potência.
* Interino da coluna Campo Aberto.
A colunista Gisele Loeblein está em licença-maternidade