A necessidade de novo ajuste no orçamento do Estado – confirmada em nota emitida pela Fazenda – obrigará as secretarias a fazerem escolhas difíceis na hora de enxugar ainda mais os gastos. Não será diferente nas ligadas ao setor primário.
Escolhas de Sofia terão de ser feitas para acomodar a diferença entre receita que entra e que é despendida para a execução das tarefas essenciais. E há pontos sensíveis, como ações e programas sobre os quais o agronegócio deposita grandes expectativas.
– Não temos mais margem para corte no custeio – afirma Ernani Polo, secretário da Agricultura, que tem orçamento anual para essas despesas de R$ 44 milhões.
Entram nesta conta diárias e combustíveis. Polo diz que programas não serão afetados.
– Não imaginamos cortes em programas, mas em serviços. Técnicos dizem que faltam recursos para diárias. Isso preocupa – diz o deputado Jeferson Fernandes (PT).
Há ainda o Plano Safra estadual. No ano passado, foram R$ 2,8 bilhões. Neste ano, na Expodireto-Cotrijal, o governador José Ivo Sartori sinalizou que a manutenção dos valores dependeria da conjuntura.
Na pasta do Desenvolvimento Rural e Cooperativismo (SDR) o valor para custeio é de R$ 18,4 milhões – o orçamento é de R$ 159,4 milhões, mas R$ 141 milhões são destinados à Emater. O secretário Tarcísio Minetto também entende que será difícil definir onde reduzir despesas, porque a pasta "está bem ajustada".
A Emater, que atende 226 mil famílias, aprovou ontem a terceira etapa do Programa de Desligamento Incentivado (PDI): será de 10 de abril a 9 de maio. Presidente da entidade, Clair Kuhn garante que não há meta numérica – a decisão pelo programa é anterior à nova perspectiva de corte. A folha mensal consome cerca de R$ 15 milhões.
Cleonice Back, coordenadora da Fetraf-Sul (uma das entidades a votar contra o PDI), entende que a iniciativa "fragiliza a Emater e a economia do campo".
Para Kuhn, o número prudencial de funcionários para a Emater seriam 2,1 mil pessoas – atualmente, são 2,32 mil. Cortes no órgão e nas pastas do setor carecem de precisão cirúrgica, para não comprometer funções vitais.