Pelas contas da Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado (Fecoagro), quase metade da soja colhida no Rio Grande do Sul deverá ser armazenada por cooperativas. Seriam 7,2 milhões de toneladas, 45% das 16,07 milhões de toneladas estimadas pela Emater (números de Conab e IBGE são outros, veja abaixo). Um avanço em relação ao ano passado, quando o percentual foi de 40,5%.
O otimismo da entidade vem de uma conjunção de fatores e de números recentes relacionados ao segmento, como explica o presidente Paulo Pires:
– Essa previsão vem se confirmando em lugares onde a área colhida chega a 60%, 70%. Os investimentos feitos, a assistência técnica prestada e a credibilidade são as razões para que a gente projete esse aumento na participação.
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Só em estruturas de conservação e modernização de armazéns o aporte feito pelo segmento em 2015 foi de R$ 210 milhões, como a coluna havia mostrado em levantamento anterior divulgado. Além disso, no ano passado, entre 37 associadas, o faturamento cresceu 20,5%. Para 2016, a projeção é de que o avanço siga, na casa dos 10%.
Mas nem tudo são só flores. Pires reconhece que ocorreram problemas em cooperativas do ramo agropecuário. Em alguns casos, foi necessário recorrer ao mecanismo da liquidação voluntária para arrumar a casa. Entre as grandes que ainda buscam equacionar as contas está a Cotrijui, que tem uma capacidade de armazenagem de 1 milhão de toneladas.
– As cooperativas precisam ser transparentes. E o produtor tem o dever de participar de reuniões e acompanhar o desempenho – recomenda Pires.
No campo, o trabalho avança e a colheita chega a 45% da área total semeada, com produtividades variadas até o momento, como aponta o boletim semanal da Emater. A perspectiva de uma safra farta, no entanto, se mantém, alimentando a projeção das cooperativas.
O milho da questão
Nos levantamentos de safra divulgada por IBGE e Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o país segue com a previsão de uma colheita de grãos levemente maior do que a do ciclo passado. No Rio Grande do Sul, a soja também mantém a perspectiva de recorde – 15,97 milhões de toneladas e 15,6 milhões de toneladas, respectivamente.
Mas as projeções do milho dividem as estimativas. A Conab projeta produção de 6,2 milhões de toneladas. IBGE e Emater apontam volume de 4,7 milhões de toneladas.
Para Glauto Melo Lisboa Junior, superintendente da Conab no Estado, essa diferença pode refletir o fato de o órgão incluir áreas destinadas ao milho silagem que estariam sendo convertidas para o milho grão:
– Parte significativa dos cerca de 350 mil hectares cultivados com milho para silagem teria migrado para o milho grão.
Claudio de Jesus, presidente da Associação dos Produtores de Milho do Estado, estima colheita de até 5,4 milhões de toneladas. O bom resultado do grão pode fazer a área crescer de 15% a 20% no novo ciclo, após anos em queda.