Depois de fechar o primeiro trimestre com a menor média de preço na Bolsa de Chicago desde 2007, o mercado internacional da soja poderá parar de cair nos próximos meses. A aposta uma alta do grão, mesmo que ainda tímida, é esperada diante da redução da área a ser plantada nos Estados Unidos na próxima safra e do risco climático trazido pelo fenômeno La Niña.
Relatório divulgado nesta quinta-feira pelo Departamento de Agricultura americano (USDA) estima uma área 0,5% menor, na comparação com o ano passado.
– Embora a redução seja pequena, ajudará a dar sustentação aos preços futuros, já que a demanda pelo grão segue firme – avalia o consultor de mercado agrícola, Carlos Cogo, acrescentando que a maioria dos contratos para maio na Bolsa de Chicago estão sendo fechados acima de US$ 9 o buschel (equivalente a 27,2 quilos).
O risco de o clima afetar a safra americana também tende a criar algum estresse na bolsa, podendo elevar o preço da soja para mais de US$ 10 o buschel, segundo Cogo. No primeiro trimestre do ano, a média ficou em R$ 8,80 o buschel – queda de 11,3% em relação ao mesmo período do ano passado.
A recuperação da cotação internacional não é a única expectativa dos produtores de soja neste momento, que no Rio Grande do Sul já colheram 25% da área total plantada, segundo a Emater. Quem já vendeu antecipado parte da safra está apenas cumprindo os contratos e esperando uma desvalorização do real frente ao dólar para vender o restante da produção.
Estima-se que 60% da produção gaúcha de soja, projetada em mais de 16 milhões de toneladas, ainda não foi comercializada.
Se não houver impeachment, analistas estimam que o dólar voltará a bater a casa dos R$ 4 no câmbio brasileiro – elevando o preço pago ao produtor. Se ocorrer mudança de governo, o câmbio deverá oscilar entre R$ 3,30 e R$ 3,50, indica Valter Bianchi, sócio da Fundamenta Investimentos.
Uma dependência nada agradável a quem plantou, colheu e, agora, dependerá do cenário político para poder lucrar.